No limite da atração - Katie McGarry



O pior tipo de choro não era o que todo mundo podia ver – os gemidos, as roupas rasgadas. Não, o pior tipo acontecia quando sua alma chorava e, não importava o que você fizesse, não havia consolo. Algo murchava e se tornava uma cicatriz na parte da alma que sobrevivia. Para pessoas como a Echo e eu, a alma tinha mais cicatrizes do que a vida.
Págs. 256-257


Se você é fã de Simone Elkeles irá adorar Katie McGarry. Quando comecei a ler No limite da atração, logo me lembrei da série Paradise, da Simone. No caso da série da Simone o rapaz cometeu um crime (não vou dizer mais do que isso para você não me matar se ainda não leu) e por causa dele a garota ficou com sequelas; resumindo, ambos tinham motivos para estarem magoados com o mundo. E isso acontece com esse livro. Os personagens passaram por coisas sérias e resolveram seguir em frente, cada um a seu modo, até o dia em que suas vidas se cruzam e eles precisam se decidir: continuar odiando o mundo ou fazer da experiência ruim um motivo para crescer e ser feliz?

A linguagem é bem jovial, e confesso que me peguei rindo quando Noah falava “porra” ou outros palavrões (fui uma adolescente que não xingava, mas minha irmã xingava tanto que equilibrava as coisas entre a gente, rs). E foi uma delícia poder ler uma história com uma escrita honesta, porque vamos combinar, algumas autoras são bem certinhas e não usa linguajar chulo em suas histórias.

Echo Emerson (é, sua mãe tinha tendência para colocar nomes esquisitos nos filhos) era muito popular, namorava o capitão do time de futebol, mas isso tudo parece que foi há uma década e não no semestre anterior. Algo aconteceu com ela no semestre anterior, algo que ela não lembra, mas que foi grave o bastante para ela precisar de apoio psicológico. Um novo semestre estava começando e ela precisa erguer a cabeça e enfrentar seu medo.

Noah teve sua vida devastada. A casa onde morava com os pais e os irmãos pegou fogo. Ele conseguiu salvar seus irmãos pequenos, mas os pais não sobreviveram. Como ele não trabalhava e não tinha como sustentar a família, seus irmãos foram colocados para adoção (ele também foi morar com outra família adotiva, mas ficaria lá apenas até se formar). Como se seu trauma não fosse pequeno, a família adotiva era péssima também e logo ele foi morar com outra família. E isso não colaborou em nada para a revolta que ele sentia com o mundo e consigo mesmo. Ele virou o rebelde ‘com causa’, no melhor estilo bad boy com direito à sexo, droga e rock’n’roll.

Echo e Noah eram são água e óleo. Ela quietinha, comportada, boa aluna. Ele desligado de tudo, bebendo e fumando escondido. Suas vidas se entrelaçam quando a orientadora da escola indica Echo para ser monitora de Noah, ela precisa ajudá-lo a passar nas matérias.  

A interação entre eles é bem engraçada. É quase de ódio à primeira vista, é possível ver as faíscas saindo e... onde há fumaça, há fogo e muita química. Eles formam um casal perfeito, como a bela e a fera.

No limite da atração, de Katie McGarry (Verus, 364 páginas, R$ 34,90), é um pouco denso, com cenas fortes e emocionantes. Mas também há cenas picantes e algumas engraçadas. Os capítulos são alternados entre os protagonistas e isso cria intimidade com o leitor, acabamos entendendo os motivos de cada um e torcemos para que se acertem. O enredo é provocador, justamente pela diferença de temperamento dos personagens e isso é uma delícia! E claro, prepara-se para - possivelmente - derramar algumas lágrimas. (Em tempo, essa alternância de narrador é similar à de 'Entre o agora e o nunca' – resenha em breve aqui no blog – e se você ainda não leu, pode comprar, super recomendado). Apesar de Noah ser um cara durão, tudo que ele faz, seja certo ou errado, é por amor aos irmãos, inclusive ele aceitará a monitoria de Echo para tentar ser um rapaz melhor para eles.  E Echo é tão, mas tão forte, assim como Noah. Ela tem pesadelos constantes com o que lhe aconteceu, mas não lembra o que a deixou com marcas horríveis nos braços e apesar de seus pai querer o contrário, ela se esforça para lembrar, mesmo que a verdade fosse pior que seus pesadelos. A forma como a autora descreve história é incrível.

Falando nela, Katie conta que sempre ouvia músicas, fosse durante a caracterização dos personagens ou da criação da trama, e ela cita a playlist em seu site (clique aqui) e lá descobri uma série de curiosidades sobre ela (ela é engraçada e irônica!), do tipo: ela adora escrever com canetas coloridas, rosa e roxo são as favoritas. Ela e uma colega faziam testes para possíveis pretendentes, eles precisavam alisar seu cachorro; seu atual marido alisou o cachorro, mesmo sendo alérgico e passou no teste!, ela detesta cemitérios, mas mora próximo a um. E ela adora conversar com os leitores, seja no Facebook, Twitter ou em seu site (clique aqui).

Entre No limite da atração e  Dare you to, ela escreveu uma short story (conto) Crossing the Line, que conta a história da melhor amiga de Echo. Esse conto custa $1,99 (eBook) e espero que a Verus lance logo aqui. Dare you to tem Beth (uma espécie de irmã adotiva de Noah) como protagonista. Beth é meio problemática, adora se drogar e escandalizar. Vai ser interessante ler sobre ela, rs. 


Série:
Crossing the line (ss)
2. Dare you to
3. Crash into you 

ss = short story

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