Como eu era antes de você - Jojo Moyes



Olhei bem para o calendário, com a caneta na mão. Aquele pequeno pedaço de papel brilhoso passou a significar, de repente, uma grande responsabilidade.
Eu dispunha de cento e dezessete dias para convencer Will Traynor de que ele tinha motivos para viver.
Pág. 125


Antes de tudo: pegue (ou compre) uma caixa de lenços, juro que irá precisar quando começar a ler. Comecei a ler esse romance à noite e varri madrugada adentro com ele, terminei às 5h10 pensando: Will Traynor, Will Traynor (quando acordei – não sei porque – lembrei que John Green tem um livro chamado: Will Grayson, Will Grayson). E chorando de soluçar. Essa história é incrível e os personagens tão críveis que me apaixonei por eles. Lutava por eles, tinha esperança neles, mas apenas contos de fadas têm finais felizes, o resto... bem, o resto tem um final real, bem real.

Sabe o lance de contos de fadas que disse? Talvez o cenário desse livro se enquadre nessa categoria, já que os pais de Will são donos de um castelo, e as pessoas da cidade vivem ao redor dele. Lou trabalha numa cafeteria, ou melhor, trabalhava, já que a cafeteria fechou. Ela que é responsável pela maior parte do sustento à sua família e logo precisa encontrar qualquer coisa que gere renda, qualquer emprego. Tá, ela tentou qualquer coisa, mas algumas eram simplesmente insuportáveis, e ela pediu demissão. Até que surgiu esse trabalho como cuidadora de um tetraplégico.

Will Traynor é advogado. Rico, lindo e charmoso. Adora aventuras e tem uma namorada linda. Num dia chuvoso, largou a moto para ir trabalhar de taxi e, por ironia do destino, é atropelado por uma moto e fica tetraplégico. Nada de viagens, empregou ou namorada linda (mas ele continua lindo e rico). 

Dois anos se passam. É hora de Lou ir trabalhar cuidando dele.

Will tem um humor ácido. É amargo e deprimido. Claro, acho que todos nós seríamos. Você é uma pessoa ativa e adora esportes radicais, de repente um acidente muda tudo, você mal consegue falar e mexer os dedos. Depende de alguém para comer, alguém para mudar o cateter, alguém para te deixar confortável em algum lugar. Nunca mais andará, sentirá as areias nos pés. Nunca mais fará sexo. Nunca mais para um monte de outras coisas.

Lou acha Will desprezível, ela faz de tudo para ajuda-lo, mas ele lhe trata muito mal. Ela não consegue penetrar na casca dura que ele criou ao redor de si. Mas, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura... Lou consegue penetrar e passa a ver Will com outros olhos. Um homem lindo, um guerreiro, que precisa passar por muita coisa todos os dias e tenta manter o mínimo de dignidade possível. E nasce uma bela amizade. Depois amor.

Lou é uma personagem incrível. Mesmo sabendo que Will irá piorar a cada ano, que ele nunca voltará a andar, que eles nunca farão amor, mesmo assim ela se apaixona. Um amor altruísta. E Will, ah, Will quer tudo de bom para Lou. Quer que ela viva, que se arrisque, que tenha ambições. Ela é boa demais (jovem demais) para estar confinada naquela cidadezinha de fim de mundo cuidando de um inválido. E claro, ele a ama muito. E isso definirá suas vidas.

Como eu era antes de você, de Jojo Moyes (Intrínseca, 320 páginas, R$ 29,90), é, sobretudo, uma história de amor. É envolvente, é cruel, é comovente e muito, muito impactante. Antes de conhecer Lou, Will tinha tentado se matar e na vã tentativa fez os pais prometerem que o levariam para a  Suíça – para a Dignitas – para que ele morresse como desejava, e para isso ele deu um prazo de 6 meses. Eutanásia é um assunto polêmico e incomodativo. E Jojo soube falar disso como ninguém. Lou teria 6 meses para fazer Will se apaixonar novamente pela vida. Ela teria 6 meses para salvá-lo da morte.  

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Antes de começar a ler pensei: Como uma história sobre um rapaz que quer se matar pode ser uma história de amor? É uma história delicada e triste, mas ainda assim uma história de amor. E não só Will e Lou têm problemas. Os personagens secundários também são importantes. O pai de Lou perdeu o emprego e na sua idade é difícil arrumar outro. A irmã de Lou não trabalha, porque é mãe solteira e precisa cuidar do filho. Os pais de Will são excêntricos, para não dizer o mínimo. Sua mãe é juíza e rege tudo com mãos de ferro e seu pai, bem... seu pai é adúltero. E sua irmã está do outro lado do mundo sem saber muita coisa sobre a família.

Estava pensando em algum outro livro que já li para poder comparar com esse, mas nunca me senti tão deprimida depois de ler uma história quanto com esse livro. Fiquei arrasada com P.S. Eu te amo, mas esse me deixou muito mais. é aquele tipo de livro que nos deixa arrasada(o) e por isso mesmo é bom, consegue mexer com nossos sentimentos e saímos da zona de conforto. E sabe, choramos mesmo sabendo que é ficção, mesmo sabendo que é faz de conta (talvez, por isso eu ame ler). 

Esse livro vai entrar pro top de leituras de 2013 e pra lista de must read!

Como Luka, do blog Quem lê faz seu filme, costuma dizer: O livro em uma palavra: PODEROSO.


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