Desejo à meia-noite - Lisa Kleypas



- Conto com sua proteção ou não?
- Querida,... talvez seja de mim que a senhorita devesse se proteger.
Pág. 27


A história de passa em 1848 e vale lembrar que nesse ano aconteceram as Revoluções de 1848 na Europa.  Alheios à tudo isso*, vamos conhecer os Hathaways.

Amelia Hathaway tem 26 anos e nenhuma vontade de se casar. A bem da verdade, ela se considera velha para tal, e tem responsabilidades para com a família, uma vez que seus pais faleceram e o irmão mais velho nunca mais foi o mesmo desde a morte da noiva. Os Hathaways são a família mais sem sorte do mundo, segundo ela, mas quando mortes sucessivas de parentes culminam no título de nobreza para seu irmão mais velho, ela decide vender a casa de Londres e irem morar na casa de campo que veio junto com o título. Uma casa antiga e decrépita. Mas com um pouco de trabalho, ela faria dessa casa um lar.

Antes, porém, de seguirem para Hampshire, Amelia precisa encontrar seu irresponsável irmão e é quando conhece Cam Rohan, um rom (cigano) – na verdade ele é mestiço, mãe romni e pai irlandês. E a atração é imediata, ela sem ar ao vê-lo tão moreno e lindo, e ele acha a pela branca e delicada dela um afrodisíaco. Mas mulheres da sociedade, mesmo que falidas, não se juntam com ciganos. E logo eles descartam a possibilidade de algo mais, apesar de Amelia não ligar para convenções sociais e de ter um ‘irmão adotivo’ rom (Merripen será o protagonista do próximo volume da série, Sedução ao amanhecer).

E Leo não é o único irmão de Amelia com problemas, Winnifred tem saúde frágil, Beatrix começou a ter hábitos impróprios para uma dama, virou cleptomaníaca e Poppy, bem... Amelia acha que ela será uma solteirona (como ela, rs). Ainda tem Merripen, o rom. Amelia percebe os olhares que ele troca com Win e percebe sua tristeza logo em seguida, como se percebesse a situação impossível.

Quando os Hathaways se mudam para o campo, a paz de espírito de Amelia retorna e ela sabe que nunca mais verá Cam, ela só não contava que ele fosse amigo de seus vizinhos e que sua casa pegasse fogo e fosse obrigada a estar no mesmo teto que ele.

Detestava dar conselhos e passava pouco tempo pensando em problemas que não lhe diziam respeito. Mas sentia-se atraído por Amelia de um jeito irresistível. Ela era tão séria, tão ocupada ao tentar controlar todos à sua volta, era uma tentação profana distraí-la. Fazê-la rir. Fazê-la brincar. E ele poderia, se quisesse. E saber disso tornava mais difícil ficar longe dela. Sua relação obstinada com os outros membros da família, o esforço que fazia para cuidar deles... aquilo o atraía de um jeito instintivo. Os rons eram assim. Tribais. Ao mesmo tempo, Amelia era seu oposto nos pontos mais essenciais, uma criatura da domesticidade que insistia em fincar mais raízes. Era irônico que ele se deixasse fascinar tanto por alguém que representava tudo de que ele precisava fugir.
Pág. 112

Desejo à meia-noite, de Lisa Kleypas (Arqueiro, 272 páginas, R$ 29,90) é um romance de época com gostinho de quero mais. Adorei os personagens que a autora criou. De um lado uma dama da sociedade e do outro um cigano, que é detestado pela mesma sociedade. Ciganos são considerados ladrões e o pior tipo de ser humano que existe. Cam só é tolerado porque tem bons amigos e é podre de rico. Ter posses é contra o princípio romani, mas do mesmo jeito que os Hathaways são azarados, Cam tem muita sorte, o toque de Midas, não importa o que ele faça, ele sempre ganha muito dinheiro. E mais, Cam é aquele tipo de personagem pelo qual suspiramos, o tipo de herói politicamente incorreto, rebelde, taciturno, porém com um coração de outro. E do tipo tudodebomgostosoveryhot (como as Mulheres Românticas costumam citar) e misterioso! (Nada melhor que um bom mistério como atrativo para uma mulher)

Claro que para um personagem desse porte, a heroína também precisa ser forte, e Amelia é. Forte, determinada, é a matrona da família, cuida para que todos permaneçam unidos e rege a família com mão de ferro. Ela nunca precisou de um ombro para se apoiar, mas um dia ela cansará... O que pode sair de uma relação entre um homem com muita sorte e uma mulher azarada? Espere faíscas, brigas, humor, drama e claro, muito romance e passagens sensuais.

E fantasma! Sério, tem algo sobrenatural na história, isso sem contar as peripécias de animais como lagartixa e abelhas, rs. 

As fãs de romances históricos vão adorar essa série e essa autora, tal qual gostam de Julia Quinn e Kathleen E. Woodiwiss. A diversão é garantida! Podem ler sem medo. 

Romances de Época x Romances Históricos:

O Romance Histórico se preocupa com datas e fatos reais que marcaram a História. O local e o tempo onde se passa a trama é a principal referência para inserir os personagens reais, misturando-os aos fictícios, numa trama que mistura fatos históricos com imagináveis. É, essencialmente, a realidade interagindo com a ficção. Já o Romance de Época, além de não se importar com datas e nem fazer referências a fatos históricos importantes, ele se preocupa em mostrar como vivia e se comportava um povo em um determinado tempo. A maioria deles destaca a vida da sociedade londrina no período vitoriano, valorizando costumes como: moda, etiqueta social, passeios de charretes ou no campo, jantares, festas, teatros. O casamento por conveniência, as amantes, a diferença entre as classes sociais, o valor de um título nobre, as intimidades sexuais entre os protagonistas são fatores importantes e estão sempre presentes nesses romances.

-> Agradecimento à Mônica Carneiro pelo texto :)

Série Os Hathaways:

2. Sedução ao amanhecer
3. Tempt Me at Twilight 
4. Married By Morning 
5. Love In The Afternoon 

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