Canção de Ninar- Leila Slimani

 
 
Olá Pessoas!! Tudo bem com vocês?

A resenha de hoje é do livro Canção de Ninar (Planeta de Livros, Selo Tusquets, 2018, 192p.) da autora e jornalista franco-marroquina, Leila Slimani.

O livro conta a história do casal Myriam e Paul, dos filhos Mila e Adam e da babá Louise. Logo de cara a gente leve um susto com algumas frases e você se questiona varias coisas sobre o bebê, a menina, os pais e principalmente sobre a babá. Porque a autora é direta sobre o ocorrido, mas será que o livro dessa forma mesmo? A partir daí a autora vai reconstituir os fatos até este triste desfecho.



À priori dá a entender que o livro é um suspense policial, no qual temos que ir desvendando os mistérios sobre o crime, mas com o passar da leitura descobre-se algumas questões que a mãe tem sobre criar os filhos x trabalhar, ter que deixar as crianças com pessoas desconhecidas. Fora isso, a autora ainda colocou outros dilemas como a hipócrita relação patrão e empregadas, que ocorrem na maioria dos casos. E os preconceitos em relação aos imigrantes e suas diferentes culturas.
                                                                                                                                                                                                                                                                                        
O fato da sociedade cobrar muito para que as mulheres se tornem mais, há mulheres que simplesmente não nasceram para exercer este importante papel. E Myriam certamente é uma delas. Mas logo no começo, ela quer ser mãe 120% do tempo, tanto que nem contrata babá. Ela quer viver a maternidade real. Aos poucos, vai ficando entediada e se arrepende da escolha. Então, quando surge a chance de voltar a trabalhar, ela se agarra como uma tábua de salvação e começa a saga para encontrar uma babá que se adeque às famílias.   Paul, o marido, que no início não fica feliz com a ideia de ter uma babá. Acaba aceitando a proposta da esposa, já que ele é bem omisso à criação dos filhos e a oferta dela é perfeita, aparentemente.
 
 
Eis que surge Louise, a babá mais que perfeita. Quem olha de fora e sob a perspectiva de Myriam e Paul, Louise nem é gente, é anjo. E com o passar do tempo ela se faz tão necessária e indispensável que o casal não se imagina mais sem. Tanto que até em momentos que poderiam ser só do casal ou só da família, Louise está presente. É uma relação de exploração, com uma falsa sensação de pertencimento à família, já que ela faz todo o trabalho doméstico da casa e não só o de babá para o qual foi contratada.

Louise é viúva, mas seu marido foi péssimo e ao morrer só lhe deixou dívidas e uma filha que ela rejeita por inúmeros motivos, principalmente pela diferença física que ela e filha tem. Então, para fugir desta vida que ela acredita ser ruim, Louise, fica cada vez mais encantada com a família de Paul e Myriam que quer ficar para sempre com eles. Para isso, ela precisa se tornar indispensável. Buscando obsessivamente a perfeição, ela começa mover a família como se fossem meros peões em um jogo de xadrez, conforme seu desejo. Claro que isso desperta em Paul e Myriam um olhar diferente, mais cauteloso, já que começam a enxergar os até então inexistentes, defeitos de Louise.


No geral, este era um livro que tinha tudo para dar certo, pena que não rolou, para mim. Eu acredito que fui com muita sede ao pote e no final o pote quebrou. Demorei um tempão para conseguir encontrar palavras para escrever esta resenha de forma clara. Mas aos poucos eu fui percebendo que o problema em si está só no final, que é totalmente justificável. O enredo é bem desenvolvido, tanto que passamos a conhecer Louise no seu íntimo no decorrer da história. A vida foi muito injusta com ela e ela sofre de um distúrbio, o qual eu não vou falar, porque é um ponto bem interessante da história, que nos leva a outro dilema que a autora traz. 
 
Louise acredita que se Paul e Myriam tiverem outro filho, ela poderia ainda continuar com eles. Porém, ela precisaria se livrar das crianças que ao ver dela e da sua mente perturbada, eles mais atrapalham nesta missão do que ajudam. No entanto, não é este o motivo que leva ela a cometer o crime, apenas uma hipótese do que poderia acontecer, só que o real fica como uma incógnita, já que ninguém nunca saberá de fato o que a levou a cometer tamanha brutalidade.  Enfim, Canção de Ninar é um livro muito angustiante, extremamente triste. Uma ficção com toque de vida real que passaria no Jornal Nacional. Eu ainda tenho as minhas ressalvas, mas eu acredito no poder transformador da leitura e este é daqueles que você pode até não achar incrível, mas vai te fazer refletir muito quando terminar. 























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