“Pior que alguém que reclama de você é alguém que desisti de você.”
Desde o lançamento de Bom dia, Veronica em 2016 pela editora Darkside, que eu ouvia inúmeros comentários em relação a obra. Entre algumas críticas e diversos elogios, meu desejo de realiza a leitura só foi aumentando. E o resultado foi que devorei o livro em dois dias.
Veronica Torres é uma mulher de 38 anos, casada, mãe de dois filhos, e que leva uma vida totalmente pacata, onde o ponto alto do seu dia é seu trabalho no DHPP de SP como secretaria. Mas ela deseja muito mais que isso, ela quer ser conhecida por desvendar algum crime, ainda que Wilson Carvana, delegado responsável pelo DHPP, a oriente a ficar longe das investigações e se manter instável. Porém, tudo muda quando ela presencia o suicídio de uma mulher, totalmente intrigada, Veronica decide descobrir o que aconteceu com a moça a ponto de faze-la tirar a própria vida.
Paralelo a tudo isso, nós vamos conhecer Janete, uma mulher frágil, que viu em Veronica uma chance de salvação para sair do relacionamento sombrio que vive. Depois de um momento de coragem, onde ela conta a Veronica que seu marido quer matá-la, Janete passa a ficar dividida, teria ela interpretado mal as atitudes do marido? E quando a polícia enfim descobrisse toda verdade, ela seria vista como vítima ou como cumplice?
“Acho que meu marido vai me matar. Ele gosta de matar mulheres.”
Apesar da história do livro ter me conquistado logo na primeira pagina, confesso que foi bastante difícil gostar da protagonista da trama. Veronica é uma mulher mesquinha, egoísta e um tanto burra, porque vamos combinar ne colega, ela fez tantas coisas erradas no decorrer das páginas, que é de se admirar que em algum momento ela estivesse indo de fato no caminho certo. Não posso negar a excelente construção da personagem, aliás eu acredito que a autora conseguiu exatamente transmitir tudo aquilo que desejava através dela. Veronica é uma personagem que ao mesmo tempo que te causa admiração, te causa também repugnância. Enfim, em grande parte do livro, a nossa protagonista consegue ser infinitamente real.
Se por um lado Veronica me irritou, por outro Janete me comoveu, mesmo que em alguns momentos sua história não pareça tão bem desenvolvida, é inevitável não se comover com os inúmeros abusos vividos pela personagem. Andrea foi extremamente precisa ao construir a personalidade de Janete e sua posição dentro de um relacionamento abusivo, é possível ver no decorrer das páginas o
quanto a mulher vive em um grande conflito interno, horas ama seu agressor, horas odeia, passa por momentos em que se sente imensamente culpada, enquanto em outros se sente vítima. Enfim, a
autora conseguiu de fato mergulhar na mente de uma mulher visivelmente destruída.
Bom dia, Veronica, é um livro repleto de suspense, com personagens intrigantes, a trama segue o livro todo e forma muito bem desenvolvida, e mesmo que em alguns momentos os personagens tenham de fato me irritado, é impossível negar que a cada capitulo uma nova reviravolta me deixava ainda mais instigada com o final do livro, que foi simplesmente de tirar o folego.