A resenha de hoje é sobre um livro que me cativou aos poucos e que foi
despertando o meu interesse a cada página lida.
Um menino em um milhão (Editora Arqueiro, 2017, 352 páginas) é um livro sobre os laços que criamos ao longo da vida. E, além disso, um livro sobre a quebra de barreiras, sejam elas sentimentais, físicas ou cronológicas.
Ona Vitkus é uma centenária e após tantos anos vivendo apenas com a sua própria
companhia, Ona é agraciada com as visitas de um pequeno escoteiro de 11 anos que
aos poucos irá mostrá-la que, sim, é possível continuar vivendo aos 104
anos, além de apenas existir.
O Menino, como é chamado durante toda a história, é uma criança nada comum:
fascinado pelo Guinness Book e por todo o tipo de contagem, o garoto, criado
sem a constante presença do pai e também sem amigos, encontra em Ona uma
aliada, uma parceira. E a centenária encontra nele um bom e calmo ouvinte. E os
dois, juntos, decidem encarar um desafio: tornar Ona recordista como a
motorista habilitada mais velha do mundo!
''-Ah, tenha santa paciência... Será que não existe um recorde para o condutor mais velho sem carteira de habilitação?
-Não - disse o menino - Eles não incentivam atividades criminosas.''
Os planos dos dois são entrecortados pela repentina morte do Menino e é o seu ausente pai que assume as tarefas inacabadas do filho. Sete sábados de tarefas na casa de Ona e então Quinn Porter estará livre dos compromissos de escoteiro. Mas é durante estes sete encontros que os dois começam a construir um lindo laço de amizade. Através da autêntica centenária, Quinn se descobre uma boa pessoa, capaz de ajudar e também de ser ajudado.
Algo que me marcou nesta história, é a constante presença do Menino, mesmo após a sua morte. É como se a essência dele - um garoto de coração e alma pura - estivesse presente em todas as ligações que são construídas. E isso é lindo de ser ver. A mãe, Belle, encontra a força para se reerguer nas lições deixadas pelo filho. É através dele, também, que Ona descobre dentro de si uma vivacidade há muito tempo adormecida.
''Ona ficou se perguntando quais seriam as intenções divinas em arrastá-la de volta, àquela altura da vida, para o mar revolto das relações humanas. Ela vinha se saindo muito bem sozinha. Até que apareceu aquele meniono para reacender no peito dela a chama das possibilidades (...).''
Apesar da leitura ser um pouco densa, isso não atrapalhou a mensagem que o livro transmite: nunca é tarde. Nunca é tarde para nos tornarmos melhores. Para vivermos aventuras. E, sobretudo, nunca é tarde para olharmos o outro com bons olhos e aprender o que o Universo e o tempo tem a nos ensinar.
Me apeguei ao Menino e a Ona. Vibrei a cada página. Aprendi com eles. E, os dois, agora, estão guardados com carinho entre as minhas boas leituras!
''Havia algo de errado com aquele menino, dando-lhe o aspecto de um visitante de outro tempo, de outro lugar...''
Saldo final: 5 estrelinhas ★ ★ ★ ★ ★ !