Olá Pessoas!!! Tudo bem com vocês?
"O mundo pode ser extremamente assustador é hostil quando você é forçado a encará-lo sem estar preparado. Mas é assim que as coisas sempre acontecem."Eu eu trago uma resenha de um livro muito amorzinho, o Traços- Um Romance, do autor nacional, Eduardo Cilto e publicado pelo selo Outro Planeta. É um romance young adult com uma trama bem desenvolvida, cheia de reviravoltas e ação. É isso, o que mais tem neste livro é ação. Não como nos livros de distopia, mas a ponto de você ficar sem fôlego.
O livro inicia como quem não quer nada, numa festa de colégio em pleno Sábado à noite. Ou seja, tinha tudo para ser mais uma noite normal na vida de qualquer adolescente. Não na vida do Matheus, afinal ele não curtia sair de casa e aquele feito já era uma raridade e uma preocupação para seus pais superprotetores.
Era uma festa de meio que o colégio promovia todo meio de ano, para manter os alunos relaxados e preparados para enfrentar o segundo semestre. Matheus nem iria, mas um convite especial fez ele repensar sobre ir à festa. O pedido foi da Beatriz, uma das poucas amigas que ele tinha no colégio, além do Ivo. Como era uma festa cheia de adolescentes, era meio óbvio que Math iria se sentir meio desconfortável, afinal ele não tinha muita experiência em festas e também não era muito fã dos seus colegas.
Foi uma noite de muitos acontecimentos, um deles foi a primeira vez que o Matheus bebeu vodca na vida. Não foi muito, mas o bastante para deixar ele sonolento. Então, foi procurar uma sala vazia para que pudesse relaxar e voltar para curtir o restante da festa mais revigorado. O que ele não esperava era encontrar Pedro, o garoto mais popular do colégio, o pegador da turma, aos beijos com outro garoto. Claro que ele tinha entendido tudo errado antes de ver o beijo entre os rapazes. O Pedro fazia o tipo brigão, babaca seria a palavra certa para descrevê-lo, então já foi partindo para cima de Matheus, afinal se ele abrisse a boca, a "reputação" de Pedro estaria arruinada.
Para sua sorte, Matheus não apanhou porque Pedro foi contido, mas ele estava longe de se sentir aliviado, até porque quando encontrou os amigos Ivo, Beatriz e Fernanda, todos estavam com vontade de sair dali e fazer algo mais interessante. Então foi que Fernanda convidou os outros três para fazer um ritual que acontece em noites de Lua Cheia. Matheus não curtiu nem um pouco a ideia, ele não acreditava nessas coisas místicas. Chegando à casa de Fernanda, ela confessou que tinha relação com a bruxaria e que poderia usar isso para coisas positivas, entre elas ler sobre o destino.
Beatriz adorou saber isso, afinal ela se sentia perdida no mundo. Como se sua vida cada dia mais fizesse fazendo menos sentido. Ela sentia que precisava encontrar seu lugar e sua missão no mundo e que certamente as respostas não se encontravam ali naquela cidade. E o que a Fernanda falou sobre o que conseguia ver a respeito do destino da Beatriz a fez analisar que precisava encontrar essas respostas o mais rápido possível. Para Fernanda esse ritual não saiu como o esperado, enquanto estava em transe, teve um ataque epilético. Deixando todos os presentes no quarto muito assustados e sem saber o que fazer.
Para os pais de Matheus essa ida à casa da Fernanda foi um ato total de rebeldia por parte dele, afinal foi um risco muito grande, além de gerar uma preocupação para eles. A família do Matheus carrega muitos traumas e o que mais abalou todos eles foi a morte do Guilherme, irmão do Matheus. Ele foi uma vítima de homofobia ao sair de uma casa noturna em São Paulo, no mesmo dia em que contou para a família que estava apaixonado por um outro homem. A reação do pai foi das piores, ficou totalmente revoltado com a confissão do filho que chegou a agredí-lo e expulsá-lo de casa. Muitos acontecimentos em um curto espaço de tempo. Que levou todos eles a se mudarem para o interior paulista.
Já a Beatriz é filha única de um casal de advogados bem sucedidos na cidade. Que tem uma carência afetiva muito grande e que faz dela ser uma garota mimada e que às vezes beira a falta de noção. Preciso deixar registrado aqui que eu tive uma antipatia gratuita pela Beatriz. Não bateu o feeling por ela. Acho que principalmente por ela ser impulsiva e pouco se importar com a vontade alheia, neste caso, Matheus. Ok ele ter participado do ritual a pedido dela, ok ele ter escapado de casa no meio da noite para encontrar com ela em uma igreja abandonada para ela contar que ia fugir para São Paulo e que contava com a ajuda dele. Mas nada ok dela fazer uma espécie de manhã para persuadir o amigo a embarcar nessa furada junto com ela.
"Certas pessoas subestimam o que sentimos baseando nossos sentimentos em questões que colocam para si mesmas; criam um padrão inexistente e só consideram válido aquilo que se encaixa em suas tabelas imaginárias, porque é muito mais fácil julgar um sentimento do que tentar entendê-lo."
O que ele ganhou? Ouvir do pai ele só dava desgosto. Chatear sua mãe que apesar de ser uma mulher retraída, amava seu filho incondicionalmente. E se aventurar em busca de respostas que nem a própria Beatriz sabia as perguntas. Partiram com pouco menos de trezentos reais, sem saber onde dormir, quanto tempo ficar. Logo no começo da jornada o ônibus que eles tomaram, quebrou. Quais as alternativas que restaram? Voltar para casa ou ir para um hotel e esperar outro ônibus que chegaria no dia seguinte. E qual das duas Beatriz escolheu? Isso mesmo, nenhuma. Resolveu que tentariam carona para chegar mais rápido ao seu destino.
A primeira carona que eles conseguiram foi com um homem que estava indo para Campinas, na verdade. Seria de grande ajuda... Uma pena que ele estava todo caprichado nas segundas intenções, por um descuido do Matheus quase que Beatriz ia ser abusada. Fica um questionamento muito importante: Porque raios 90% dos caminhoneiros(?) ou até mesmo em carros de passeio que diante de uma mulher à beira de uma estrada pedindo carona, acha que elas têm que dar algo em troca e esse algo tem que ser sexo? Ou até mesmo julgar que elas estão por ali para se prostituir? Sabemos que em muitos dos casos coisas do tipo acontece, mas ainda assim nós mulheres merecemos todo e qualquer tipo de respeito, principalmente quando for preciso pedir uma carona. Enfim, amei que o tema foi abordado, afinal é sempre válido o alerta.
Livrando-os de mais uma tentativa frustrada de chegar em São Paulo, e mais uma tentativa de conseguir uma carona digna e respeitosa, eis que eles e deparam com uma van que cheia de drag queens que fariam uma apresentação em uma casa noturna da capital durante a madrugada. Elas esbanjaram simpatia, foram super respeitosas com Matheus e Beatriz, inclusive deu uma aula para o Matheus sobre o que é ser drag queen. Para mim, foi uma das partes mais legais, mais "vamos espalhar amor pelo mundo" e claro, mais uma cutucada bem linda na família "tradicional" brasileira.
"Drag queen é um artista que confronta os limites que a sociedade impõe sobre a questão do masculino e do feminino, é dar a cara a tapa e ser símbolo de uma comunidade que luta por seus direitos. É muito mais do que apenas usar uma peruca, é colocar uma peruca e sair na noite dizendo para o mundo que é normal se expressar da maneira que você quiser."
Quando pararam em um hotel na beira da estrada para que as drags pudessem relaxar, nem Matheus e nem Beatriz puderam pernoitar afinal seria um gasto alto de dinheiro que eles não estavam com condições de pagar, resolveram procurar algum lugar ali por perto para que pudessem descansar. O recepcionista do hotel, um senhor de idade e bem ranzinza aconselhou Matheus para que eles evitassem o Lago das Lágrimas. Por Matheus ok, agora Beatriz, a impulsiva, tinha que seguir trilha adentro para ver onde iriam chegar e eis que chegam em um lago, aparentemente bonito mas que emitia um ruído semelhante ao choro de crianças, como havia contado o senhor do hotel sobre a lenda. Medrosos, voltaram para o hotel para chamar as drags e continuarem suas jornadas.
Chegaram em São Paulo já era madrugada e a partir do momento que entraram na boate, as coisas entre Matheus e Beatriz mudaram. Eles se beijaram, mas ambos sabiam que aquele beijo mudaria tudo entre eles. Confusos, seguiram procurando um hotel barato para que se hospedassem, mas nada que encontraram era favorável para seus bolsos e a última saída era um hotel de luxo que obviamente não tinham como se hospedar, mas que graças à Deus colocaram Samantha de volta ao caminho de Matheus. Eles foram muito amigos quando crianças e apesar da distância, mostraram que o alicerce da amizade era bem forte. Ela os hospedou em seu apartamento, onde morava com o pai.
"Às vezes, as pessoas se deixam cegar pelo número infinito de expectativas que as cerca e acabam não percebendo que o que elas mais querem está na frente do próprio nariz, não exatamente como imaginam, mas muitas vezes de um jeito até melhor do que o esperado."
Eu digo que a partir do momento que eles chegaram em São Paulo, muita coisa aconteceu e que nenhum deles estavam esperando. A ideia inicial de Beatriz era encontrar o youtuber, Garoto Diferente. Ele tinha um canal onde falava sobre seus propósitos, como encontrar seu caminho, enfim era um canal motivacional. E como Beatriz estava à procura das respostas para seu destino, sentia que tinha que agradecer ao Garoto Diferente o quão importante ele era na vida dela. Mas muitas das vezes os acontecimentos em nossa vida não saem como o planejado e precisamos aprender a lidar com os obstáculos que surgem, a gente até acha ruim, mas no final temos uma visão de que nem sempre as coisas são como aparentam ou deveriam ser.
Por fim, eu vou comentar sobre o final que foi surpreendente, muito bem escrito, por sinal. Que apesar de ser um livro curto, muita coisa acontece e o Eduardo Cilto soube fazer um fechamento lindo, emocionante e que sem sombra de dúvidas mostrou o amadurecimento dos personagens, principalmente do Matheus que entrou de gaiato no navio, por impulso, e aprendeu que ele precisava desenhar seus próprios traços ao invés de viver sobre os traços desenhados por aqueles que o cercam.
Eu sei que a resenha ficou um pouquinho longa, mas como vocês já me conhecem quando eu gosto de um livro, eu gosto, falo bastante, justamente para que vocês possam compreender o motivo pelo qual o enredo tenha prendido minha atenção. Espero quem tenham gostado. Um beijo enorme e até a próxima!
Por fim, eu vou comentar sobre o final que foi surpreendente, muito bem escrito, por sinal. Que apesar de ser um livro curto, muita coisa acontece e o Eduardo Cilto soube fazer um fechamento lindo, emocionante e que sem sombra de dúvidas mostrou o amadurecimento dos personagens, principalmente do Matheus que entrou de gaiato no navio, por impulso, e aprendeu que ele precisava desenhar seus próprios traços ao invés de viver sobre os traços desenhados por aqueles que o cercam.
"Eu sou a única pessoa que vive minha vida."
Eu sei que a resenha ficou um pouquinho longa, mas como vocês já me conhecem quando eu gosto de um livro, eu gosto, falo bastante, justamente para que vocês possam compreender o motivo pelo qual o enredo tenha prendido minha atenção. Espero quem tenham gostado. Um beijo enorme e até a próxima!
Aaa só mais uma coisinha: Ontem fez dois anos que eu fiz minha primeira resenha aqui no Menina e eu só tenho a agradecer pelo carinho, pela parceira e pela paciência de vocês, principalmente quando as resenhas são longas e eu quero conversar bastante sobre eles. De toda forma, OBRIGADA!!!!