[Coluna] Música X Livros


Como prometido, a coluna desse mês trás uma das mais complexas e maravilhosas mitologias (não desmerecendo as demais), mas esse mês vamos falar sobre MITOLOGIA AFRICANA.

Quem me conhece sabe que sou louca, doente, apaixonada por mitologias pedi esse livro no consórcio que faço parte, sem esperar muito confesso, depois que um dia por um acaso uma daquelas indicações do face me mandou o primeiro livro e lá fui eu caçar sobre tal livro, as criticas estavam ótimas mas como eu tenho um serio problema com críticos fiquei meia descrente e resolvi me aventurar mesmo assim mesmo pelo menos para entender mais sobre a mitologia africana e não é que fui surpreendida?

O livro virou os livros e eu virei fã do escritor, vou citar somente 03 motivos que me surpreenderão assim não serei muito chata...rsrs

1º Se trata de uma mitologia muito nova, e tida por muitos como religião e corria o risco de ser religioso ou profano e o autor não foi;

2º O autor é brasileiro(hora de apanhar...rsrs), confesso não sou fã de autores de ficção brasileiros sempre achei que eles deixavam muito a desejar mais PJ mudou meu conceito;

3º Quando eu compro um livro nos moldes desse eu compro sem esperar muito, leio apenas como parâmetro de pesquisa, ou seja, apenas como uma introdução de determinado assunto, mas o escritor é bom esse carinha o senhor PJ domina e muitoooo o assunto, ele te prende na historia por vários motivos que se eu contar vou acabar com o mistério dos livros. O que posso dizer é que eu tinha em mente comprar o 1º livro e confesso estar roendo as unhas na espera do 3º que será lançado no 2º trimestre de 2015.

Enfim sem mais delongas vamos aos livros:

Deuses de dois mundos – O livro do silencio e Deuses de dois mundos – O livro da traição
 


A história ou as histórias são muito atuais, começam em 2001 e conhecemos New, um jornalista que é um cozinheiro perfeito, amante de boa comida, de bons restaurantes e lindoooo, diga-se de passagem. (Se o New existisse eu já estaria casada com uns 5 filhos dele ...kkkk). Paralelamente a isso temos a historia protagonizada por 07 guerreiros são eles:

O poderoso Orunmilá o maior babalaô(adivinho) de todos os tempos, sua filha, a bela dengosa e impaciente Oxum, o general conhecido como guerreiro louco Ogum, seu irmão Oxossi que é exímio caçador e que se orgulha de jamais ter errado uma flecha, o príncipe Xangô que alem de sedutor tem um temperamento insolente e é dono de poderosas pedras de raios( lembram de quem???rsrs), O destemida guerreira Iansã que não foge de batalhas e ainda controla tempestades e pode se camuflar como qualquer animal e por ultimo mais não menos importante Exu o leal mensageiro de Orumilá e dono de uma fome escumunal.

Os livros te prendem independente da sua fé (a minha, por exemplo, é protestante), o livro fala de pessoas, seres míticos, de fraquezas, de buscas e principalmente da cultura afro, nos negros ou descendentes somos desprovidos de livros que contem nossa cultura, nossas historias são passadas ate hoje por nossos ancestrais (pais, mães, avos e avôs), de boca ate então, confesso foi incrível ver a áfrica descrita dessa forma. Ver seres mitológicos ate hoje demonizados e sendo descritos com tanta riqueza de detalhes sem envolver religião.

Sabem o que eu achei mais incrível e engraçado? É como as mitologias são extremamente idênticas lendo o livro você consegue ter uma visão ampla das mitologias Grega, Romana e ate da Nórdica.

Agora vamos para o tema da nossa coluna porque já estou divagando de novo...rsrs

Quando comecei a ler o primeiro livro visualizei 02 musicas, e depois de um tempinho a outra musica veio por acaso quando estava assistindo um dos clipes de Kate Perry.
A 1º é um música da minha infância, meus pais eram doidos por MPB e LPS e tínhamos vários e alguns nomes dentre eles era Clara Nunes, e foi uma música chamada Iansã cadê Ogum que meu cérebro foi automaticamente ligado. Talvez os “novinhos” não conheçam ela, então essa é uma oportunidade de conhecer um clássico da MPB:



É incrível como essa música se encaixa no livro, apesar de um personagem da musica ainda não se fazer presente ate o momento nos livros.

Meu personagem preferido foi Oxum sem sombra de duvida, ela é poderosa, dona de si, mas nunca perde sua feminilidade, seus dengos e principalmente seu orgulho, características de mulheres independentes, por isso essa musica sem sombra de duvida é dela.



Ela foi feita para essa musica e essa musica foi feita para ela, gente ela é desse jeitinho, ela quer algo vai atrás e consegue e ai de quem contrariá-la.

A 3º musica tem mais a ver com a questão cultural, a respeito e todo o contesto segregacional que esses livros trazem a tona, enquanto eu os lia fui questionada (como sempre sou) sobre o tema e conteúdo dos livros e por diversas vezes quando respondi sofri certo tipo de preconceito (fui demonizada por algumas vezes, mesmo me apresentando como uma pessoa evangélica) e diante de tudo isso cheguei a seguinte conclusão:

O preconceito se dá pela ignorância e digo ignorância no sentido real de não saber do que se trata determinado assunto, nosso povo infelizmente foi ensinado a não questionar suas raízes, suas origens e por isso demonizam tudo que se refere a sua cultura, porque tanto o volume I como o volume II de Deuses de dois mundos falam disso, nossas raízes, nossas origens que por durante séculos foram tratas como profanas, erradas, eu particularmente sempre tive muito orgulho da minha cor das minhas origens meus pais principalmente minha mãe foi uma eximia contadora de nossas tradições (uma pena não termos nenhum escritor na família para documentar sua sabedoria), desde muito pequena fui ensinada a questionar, e pensar por mim e posso dizer que esse hoje faz uma enorme diferença na minha vida.

Religião, cultura e mitologia se misturam em Deuses de Dois mundos, mas isso me levou a ver coisas muito alem do que posso escrever aqui...

Para encerar vou apresentar a quem não conhece ainda uma das mais brilhantes mentes da nossa atualidade o cara é bom mesmo e vou abusar um pouquinho pois farei um trocadilho na letra da musica dele Ubuntu Fristaili que na minha opinião que se encaixa mais do que perfeita neste contesto, uma vez que a palavra Ubuntu significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os homens. 
Assim sendo peço aqui licença poética ao cantor e compositor Emicida:
“ Axé pra quem é de axé(...)independente da sua fé os livros são nossa religião”, afinal nós nos reunimos por causa dos livros não é mesmo?




E para terminar o que eu posso dizer é: respeite meus cabelos crespos ok? Ok! rsrsrs

















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