12 anos de escravidão - Solomon Northup


Tenho que iniciar essa resenha confessando 02 coisas:

Primeiro: demorei a terminar de ler esse livro, e um pouco mais para escrever essa resenha, queria ser imparcial, mas isso é quase impossível para essa que escreve, uma vez que sou neta de escravos e durante a minha infância, minha mãe sempre contava algumas das atrocidades vividas pelos meus avos e avôs.

Segundo: Confesso que fazer uma resenha de um livro que virou filme e foi ganhador do Oscar não foi uma tarefa fácil e a comparação entre ambos é quase inevitável, para me ater ao livro optei por não ver o filme.

12 anos de escravidão ( Editora Seoman, 232 páginas, R$ 17,91) é um relato fiel e muitas vezes técnico, de como se dava a escravidão no sul dos EUA.  Neste livro podemos ver como a escravidão era tratada: Por uma intrigada relação social, que pode ser definida ainda como uma simples subjugação de uma etnia sobre outra, simplificando: O negro era uma mercadoria lucrativa desde que o seu dono, soubesse cuidar dele – como de uma máquina, dando o mínimo de subsistência, treinando para que produzisse de maneira adequada ao interesse do senhor, e garantindo com a doutrinação religiosa, de que ele (o negro) deveria ser subserviente ao seu dono – assim era a “vontade de Deus”. 

O livro é um romance histórico bem escrito que nos traz um verdadeiro testemunho dos males pelos quais os negros sofriam, ele conta a historia real de Solomon, um negro nascido livre, residente do estado de Washington, ele é casado, tem filhos, ele e sua esposa são um caso bem atípico para a época, ambos possuem uma eximia educação e trabalham.

Nosso protagonista Solomon é levado de seu estado com uma proposta de trabalho como uma remuneração razoável, é então que ele é drogado e vendido como escravo, mesmo passando por varias adversidades, Solomon raramente emitira juízo de valores, priorizando uma visão quase determinista da escravidão, sempre frisa os senhores como um “bom cristão”, mesmo que este fosse escravocrata. Solomon foi resgatado, ele foi À exceção, mas a regra foi um sofrimento para todos aqueles que não eram considerados brancos e um mal histórico que desencadeou sequelas que são sentidas até hoje. 

É um excelente livro, por todos os seus aspectos, pelo seu valor histórico, pela história de superação de Solomon, mostra as ferramentas que ele cria para poder suportar seus anos de cativeiro, e principalmente pelas relações humanas apresentadas. Ainda nos é apresentado à vida em sua essência, mostrando o melhor e o pior do ser humano.

Para aqueles, que veem na escravidão uma simples recordação do passado, que de repente não acreditam que este fato ainda reflete consequências em nossa sociedade, ao ler as palavras do autor, em um relato quase jornalístico, poderá sentir e perceber todos os aspectos da escravidão, e podemos imaginar o impacto que seu relato teve. 

Curiosidade: Em 20 de janeiro de 1853, o The New York Times publicou um artigo sobre o caso de Solomon (o artigo original pode ser lido neste link: AQUI)

















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