E acho que, num verão, somente naquele verão, aquilo foi verdade. Eu tinha mesmo uma vida emocionante e cheia de aventuras, uma vida de livro da biblioteca onde minha mãe trabalha, em Nine Mile Falls. Afinal de contas, o verão é a época em que grandes coisas acontecem para as pessoas caladas. Naqueles meses curtos, você não precisa ser o que todo o mundo pensa que você é, e aquele cheiro de terra no ar e a possibilidade de mergulhar fundo numa piscina dão a coragem que não teve ao longo do ano. Você pode ser atraente e fácil, sem ninguém estar reparando em você e pode ser alguém sem passado. O verão abre a porta e manda você pra fora.Pág. 12
Ruby era uma garota - de 16 anos - acostumada a ser sempre na sua, calada, sem se meter em encrencas... Até aquele verão começar. Um dia, ao voltar da escola, ela resolve pegar um caminho fora do comum e para em frente à casa do gatíssimo e problemático Travis Becker, cuja reputação é a pior possível. Só que Ruby não fazia a mínima ideia do que estava por vir; ela realmente pegou um “caminho diferente” e agora se vê saindo com o irresistível Travis, o qual sempre a desafia ao perigo e a novas emoções.
Ruby sabe que o que está fazendo é errado e a culpa pesa, porém ela se vê cada vez mais atraída e viciada em Travis, cada vez mais se arriscando e sofrendo as consequências. E num esforço para tirar Ruby dessa “encrenca”, sua mãe irá fazer de tudo para que ela possa esquecê-lo. Como uma maneira de manter Ruby ocupada e evitar que ela faça besteira, sua mãe a leva ao clube do livro que ela comanda.
No início, Ruby pensou que seria apenas seria um encontro monótono, com um bando de velhinhos discutindo sobre um livro, mas ela descobre que o clube é interessante, ainda mais quando os frequentadores do clube descobrem que um deles é o protagonista da história trágica de amor... protagonista do livro que estão lendo! E em busca do “final feliz” eles irão embarcar numa missão que fará este ser um verão inesquecível, não só para Ruby, mas para todos.
Eu não tinha medo de nada, porque era o que ele queria de mim. Talvez fosse melhor eu ser quem ele queria do que quem eu pensava que era. De qualquer modo, tudo o que sei é que fiz a minha parte, que era segurar a onda e segui-lo. Daquele dia em diante, as coisas se aceleraram demais. Travis Becker era um pouco louco. Mas os nossos corações batiam em uníssono, e era isso o que importava.Pág. 62
Meu amor, Meu bem, Meu querido, de Deb Caletti (Novo Conceito, 240 páginas, R$ 29,90), foi um livro que me surpreendeu. Ao pegá-lo para ler, imaginava que esta seria mais uma história onde a garota se apaixona pelo cara errado, as coisas fogem ao controle e ela tenta se acertar, mas não! E o que me surpreendeu foi exatamente isso, o livro vai tomando um rumo diferente, e de repente você se pega torcendo para que os velhinhos, junto com Ruby, consigam atingir o objetivo de dar um final feliz a história que eles estavam lendo.
– Mãe?- Sim – ela sussurrou e volta.- Acho que a Miz June tem razão quando diz que eu me apaixonei pela moto do Travis Becker.- Não tem problema, Ruby. Eu também me apaixonei pelo violão do seu pai.Pág. 190
Ruby sempre foi uma garota certinha, que nunca chamou a atenção de ninguém, mas quando ela passa a sair com Travis as coisas mudam; ele sempre a leva para o lado do perigo, sempre desafiando, e mesmo sabendo que não é certo, ela não consegue sair “dessa”. Para Ruby, Travis é um vício e a qualquer momento ela pode ter uma recaída. É ai que o clube Rainha das Caçarolas entra, como uma forma de intervenção, e Ruby vai descobrir que este grupo de velhinhos simpáticos, divertidos tem muito a oferecer. Prepara-se para rir, quando eles decidem dar um final feliz à todos darão boas risadas, seja com as pegadinhas do Harold ou seu pijama de “flocos de neve”, as implicâncias da Peach e até mesmo o sequestro e fuga do asilo; porque sim, eles fazem isso, uma operação que garantiu bons risos e são momentos como estes que faz do livro uma leitura gostosa e prazerosa.
É impossível de não se encantar com esta turma, e não deixar de torcer para que eles consigam alcançar o destino final dessa aventura.
Com uma escrita leve e descontraída, Deb Caletti consegue cativar com seus personagens e sua história, não há como não rir, chorar e torcer por eles, esta é uma leitura que vale a pena conferir.
JULIANA BITTENCOURT