O duque e eu - Julia Quinn




- Eu quero um marido. Uma família. Não é tão bobo quando se pensa nisso. Sou a quarta de oito filhos. Só conheço famílias grandes. Não sei se saberia existir fora de uma.
Pág. 74


O duque de Hastings sonha com o herdeiro, a quem deixará seu ducado, mas a esposa teve abortos espontâneos e duas gravidez resultaram em natimorto. Nessa última, o duque trouxe o melhor médico da Inglaterra, para ter certeza que seu filho nasceria. E assim nasceu Simon Basset, enquanto sua mãe falecia de problemas de parto.

Aos quatro anos de idade, Simon não falava uma única palavra, o duque o chamou de retardado e o repudiou. Na verdade, Simon tinha problemas de fala e quando começou a falar, gaguejou. Mas nem isso servia aos propósitos do duque, para que ele iria querer um filho gago? O repudiou novamente e novamente, até que Simon resolveu que não dependeria do pai para nada, passaria a vida odiando-o e sendo o contrário do que o pai desejava para ele. Apesar de ser excelente aluno e se formar com louvor, ele virou um notório libertino. E viajou pelo mundo.

Quando o pai falece, e ele vira o novo duque de Hastings, precisa retornar para casa.  O ano é 1813.

Ele retorna na temporada de bailes. A temporada de debut, onde as jovens debutantes irão mostrar as suas habilidades e elegância e suas mães “caçarem” o marido ideal para as filhas. Simon detesta isso, mas não pode rejeitar um convite e lá conhece a família de seu amigo de faculdade, os Bridgerton. Daphne em especial.

A família Bridgerton é bem espirituosa e os viscondes batizaram os filhos com nomes em ordem alfabética. Imagine uma família com oito filhos. Oito! Confusão e muita diversão estão garantidas. Daphne está debutando nessa temporada, e apesar de querer se casar, não quer casar com nenhum lorde afetado e sem inteligência. Ela quer escolher seu próprio marido, mas com a mãe apresentado-a a todos, está meio difícil. Além do que, não é como se ela recebesse vários pretendentes. (Mais um ponto para Julia Quinn, algumas de suas personagens principais são tidas como patinho feio e vão desabrochando no decorrer da trama. Daphne não é feia, mas não se considera uma mulher de arrancar suspiros.)

E aí que ela e Simon selam um tipo de acordo. Eles fingirão que estão juntos, para que ele não seja devorado pelas mães desesperadas em busca de marido para as filhas e em troca, ela terá tempo para procurar o parceiro ideal para si.

O melhor da história acontece a partir daí. Daphne e Simon fazem o casal perfeito. Eles não são afetados, ambos inteligentes, determinados e orgulhosos. Ah como são orgulhosos. Principalmente Simon, que não deixa ninguém perceber sua gagueira, ele estudou anos a fio para dominar as palavras e não passar vergonha (como Faby disse: nas raras vezes em que ele gagueja, dá vontade de colocar no colo rs).

Julia Quinn é maravilhosa, criou uma história divertida com enredo inteligente. Daphne surpreende com suas técnicas de sedução e Simon se vê perdido. Apesar de não querer casamento, ele morre de ciúmes ao imaginá-la com outro. Mas, por causa do pai, ele jurou nunca se casar e ela não é mulher de caso. Ele jamais se perdoaria por manchar a reputação dela. O que cria um grande problema. O que fazer? Ele se vê desesperado. Confesso que fiquei com pena desse desespero. E Daphne é implacável. Ela está determinada a tê-lo. 

- Qual o seu problema? – perguntou ela. Ele nunca tinha visto Daphne daquele jeito, com os olhos chispando de raiva, angústia e até um pouco de desespero. – Ele vai matar você! Vai se encontrar com você em algum campo deserto e matar você com um tiro. E você age como se quisesse isso!
- Eu n-não q-q-quero m-morrer – disse ele, com a mente e o corpo tão cansados que sequer se importava de estar gaguejando. – M-mas eu não posso me casar com você. 
Ela o soltou e se afastou. A expressão de dor e rejeição em seus olhos era quase impossível de suportar. Daphne parecia desemparada, enrolada no casaco enorme do irmão e com pedaços de galhos e folhas ainda presos nos cabelos escuros. Quando abriu a boca para falar, parecia que as palavras estavam sendo arrancadas de sua alma.
- Eu... sempre soube que não era o tipo de mulher com quem os homens sonham, mas nunca imaginei que alguém fosse morrer a se casar comigo.
Pág. 148

Além do enredo principal, ainda tem a coluna de fofocas de Lady Whistledown. Ninguém sabe quem ela é, mas suas fofocas são valiosas. E é uma das melhores partes da história. Quem será a famosa fofoqueira? rs

O duque e eu, de Julia Quinn (Arqueiro, 288 páginas, R$ 29,90) é um dos melhores romances de época que li ultimamente. Não é um romance raso. Os personagens são fortes e suas passagens também. Tiradas sarcásticas e afiadas. Drama. Muita teimosia e, é claro, romance no ar. Simon é angustiado pelo que o pai lhe fez, sofreu com a gagueira e atualmente sofre por uma certa mocinha. Daphne teve tudo que Simon não teve e por isso luta para que ele tenha o mesmo que ela, com ela. É aquela velha conhecida, a redenção por amor.

Além do que, os fatos que caracterizam os romances de época - falarei mais sobre isso na resenha de Desejo à meia-noite, de Lisa Kleypas, graças à fofa Mônica Carneiro! - se mostram presentes nessa trama: casamento por conveniência e/ou para evitar um escândalo, os elegantes bailes da alta sociedade londrina, etiqueta social,... E não é por ser um romance de época que deixa de ser menos sensual, pelo contrário, os costumes usados podem ser bastantes sexy e a autora não deixou por menos. Daphne é danadinha!

Os personagens secundários se mostram presentes e temos uma prévia do que esperar nos próximos 7 volumes. E mal posso esperar para ler os próximos!

P.S.: Esse livro foi publicado anteriormente, aqui no Brasil, pela editora Nova Cultural, numa edição cheia de cortes (crédito da foto: http://su-romanticgirl.blogspot.com.br/).

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Série Bridgerton:
2. O visconde que me amava
3. Um perfeito cavalheiro
4. Os segredos de Mr. Bridgerton
5. Para Sir Philip, com amor
6. O conde enfeitiçado
7. Um beijo inesquecível
8. A caminho do altar

P.P.S.:  Gabi, uma das resenhistas do blog, deixou um comentário acrescentando que:
Além dos oito livros ainda tem os epílogos parte II, que ocorrem alguns anos depois e uma novella que conta a história do Edmund e da Violet que se chama: Bridgerton novella: "Violet in Bloom". Os Epílogos só são aconselhados para ler depois de todos, pois apesar de focar na história de certos casais, contém spoiler dos casais dos outros livros:
9.1 - O Visconde que me amava. 2.5 Epilogo II
9.2 - Um perfeito cavalheiro. 3.5 Epilogo II
E assim por diante. Só os que não tem o Epilogo específico são "O Duque e Eu" e "A Caminho do Altar"

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