Algo acontecia com os elfos, e o temor pelo pai levou Keelie a se esquecer da própria situação  e do fato de que talvez ficasse de castigo para o resto da vida.

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Em A filha do Pastor das Árvores, a autora (ou autoras*) utilizou conhecimentos da crença popular e acrescentou sua singularidade. Fadas têm orelhinhas pontudas (como os elfos), mas cada uma tem um ‘poder especial’, por assim dizer. O dom de Keelie é entender/compreender as árvores. Ao tocar numa lasca, ela consegue precisar qual a árvore proveniente dela, consegue ouvir seus ecos e pedidos de ajuda. 

No coração da floresta, continua a saga de Keelie para entender melhor esse lance de fadas, elfos e pastores das árvores (lembrando que a mãe dela é humana e ela só veio a conhecer esse lado ‘especial’, após sua morte, quando foi obrigada a morar com o pai). Ela e o pai estão em um novo Festival da Renascença, sua melhor amiga está para visita-la e ela ainda não sabe como explicar o porque de morar num trailer e por que algumas pessoas são, digamos assim, diferentes. Ela nunca mais comprou roupas da moda (da última vez que ela comprou, o pai confiscou seu cartão de crédito dizendo que ela não precisava se preocupar com essas coisas), nunca mais foi ao shopping. Ela é uma menina, precisa comprar coisas e quando vê uma bota – linda! – feita a mão, ela decide que será dela. Tudo bem, custa 900 dólares, mas ela tem esse dinheiro, o pai só precisa liberar.

E é assim que as coisas vão começar a ficar divertidas nesse livro. O pai, claro, não libera o dinheiro e Keelie vai precisar trabalhar para poder pagar por ela, já que a encomenda está feita. Ela consegue os trabalhos mais bizarros do Festival, como se vestir de dragão e entreter crianças, com a infelicidade de pegar a fantasia usada, fedida a vômito e outras coisas. Ela assusta as crianças mais pelo fedor do que por qualquer outra coisa. Seu próximo emprego é ficar na barraca de churrasco, com uma fantasia bizarra e seu gato Knot, que não consegue ficar quieto. E, é claro, que lá se vai outro emprego. Ganhar dinheiro tá difícil.

E entre viver sua vida adolescente, tentar ganhar seu próprio dinheiro, Keelie ainda está preocupada com o pai. Tem algo errado com as árvores e ela sente que isso está sugando a energia vital dele. Ela precisa fazer algo para ajudar, mas ele a proibiu de ir à floresta. Como ela não é conhecida pela sua obediência, entra na floresta, com seu inseparável amigo, Knot  – o gato.

Algo incrível acontece. O unicórnio, guardião da floresta, aparece para ela. E ele precisa de ajuda. E agora, desobedecer ao pai e se afastar do unicórnio? Ou ajuda-lo para as árvores não morrerem?

Combinando confusões que qualquer adolescente comum é capaz de fazer, laços de amizade, ação e um super toque de fantasia, No coração da floresta, de Gillian Summers (Bertrand Brasil, 322 páginas, R$ 35,00), é agradável, rápido e divertido (a maioria da diversão protagonizada por Knot). E o mais legal, é para qualquer idade, ou seja, dá para ler com seus filhos, presentear uma amiga, ler com sua mãe... 

Os personagens são vívidos e encantadores e, tal qual qualquer conto de fadas, eles se preocupam com os semelhantes e com seu meio ambiente e vivem na eterna luta de não deixar o mal dominar. Recomendo.

*Gillian Summers é pseudônimo usado pelas escritoras Berta Platas e Michelle Roper.

Série O Povo das Árvores:

1. A filha do Pastor das Árvores
2. No coração da floresta