Valentina: na câmara escura - Evie Blake



Valentina continua a fazer fotos, é a única coisa que a impede de sair 
correndo daquela sala. Ela se sente como uma voyeuse; 
isto não deveria ser algo privado, íntimo?
Pág. 183


Valentina Rosselli é uma fotógrafa de moda. Ela não acredita no amor, mas mora com seu amante Théo Steen. Ela não sabe nada a respeito dele e nem importa, contanto que o sexo seja magnífico. Mas, quando Théo viaja inesperadamente e ela recebe fotografias eróticas, começa a se interessar mais por seu amante. Quem é ele? E de quem são essas fotos?

Ao mesmo tempo, é convidada para tirar fotografias sensuais em um clube de sadomasoquismo. O dono quer mostrar ao mundo que seu clube não é algo pornográfico e que pode haver beleza na dor. Durante esse trabalho, Valentina conhece os vários quartos e estágios do sadomasoquismo e... está difícil resistir a tudo.

- Então, Valentina – Leonardo aponta para uma das portas – Atrás de cada uma dessas portas há diferentes níveis de experiência, por assim dizer. A de madeira a leva a um mundo de mais prazer do que dor. Já a de couro permite que você conheça o universo de mais dor do que prazer.
Valentina engole em seco: “Qual a diferença? Quanto de dor é possível sentir e ainda assim ter prazer?”.
- E esta porta... – Ele caminha em direção à porta de aço polido cintilante no hall escuro – Esta é a Câmara Escura.
Ele pressiona a mão dela, virando-se com uma expressão triunfante. Ela consegue ver que ele é definitivamente um dominador, sem dúvida.
Ela desvia o olhar de Leonardo e encara a porta de metal.
- O que acontece na Câmara Escura? – Sua voz soa quase como um sussurro.
Leonardo dá um passo em sua direção. Está tão próximo dela que sua loção pós-barba fica quase insuportável.
- Na Câmara Escura você sente medo, Valentina, porque, como está destacado no nome, não há luz ali. Você não consegue ver nada, nem mesmo sua mão na frente de seu rosto.
- Por que alguém iria querer entrar ali? – Sua voz fica mais baixa.
Leonardo a flerta com o olhar.
- É precisamente o seu medo que consegue fazer com que você potencialize sua experiência sexual a níveis que não conseguiria em nenhum outro lugar.
Págs. 92-93

A narrativa é didivida em duas partes. A parte atual, sob a perspectiva de Valentina e a do passado, sob a perspectiva de Belle de Veneza, uma famosa prostituta da época. Ao decorrer da história vamos descobrindo qual a ligação das duas e como o passado de Belle influenciou as decisões atuais de Valentina.

Gostei muito da narrativa limpa e erótica, porém senti falta de várias coisas. A autora não aprofundou o enredo, apenas a parte erótica, e deixou alguns fios soltos, como o trabalho de Valentina e uma melhor caracterização dos personagens secundários. Queria saber mais sobre eles e sobre a vida de Valentina, afora a parte do sexo.

Louise Brooks era casada com um senhor de posses. Ela era uma dama da sociedade. Odiava o marido e o sexo com ele. Ele era bruto e não se importava com seu prazer. Ela sentia dor. Mas no fundo, ela sentia que precisava conhecer o amor. Precisava procurar por ele, nem que se deitasse com todos os homens de Veneza e assim, que seu alter ego surgiu: Belle aparecia quando seu marido viajava a trabalho e como Belle ela conheceu o prazer com diferentes homens, até encontrar o amor.

A vida de Belle foi triste, mas Valentina tem a chance de mudar seu destino. Basta acreditar em seus instintos.

Valentina: na câmara escura, de Evie Blake* (Europa, 450 páginas, R$ 49,90), possui uma alta carga erótica, incluindo sexo entre mulheres, ménage à trois, ménage à quatre... E foi baseada na famosa personagem de quadrinhos de Guido Crepax, que por sua vez foi inspirada na a atriz do cinema mudo Louise Brooks (que vem a ser Belle). No início, os quadrinhos eram relacionados à ficção científica, depois começaram a retratar bissexualidade, êxtase auto-erótico e sadomasoquismo.

Guido Crepax
*Evie Blake é pseudônimo de Noelle Harrison.

Série Valentina:
1. Valentina - na câmara escura
2. Valentina - on the edge

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