Muito Prazer, Amy - Amy Molloy



"Vejo o aposentado sentado ao lado dele se inclinar para perguntar:
- Você já pensou em eutanásia?
Fico paralisada na porta. Estou apavorada só de pensar em quem puxou o assunto...
Ouço o tique-taque de um relógio atrás de mim e penso: Vamos lá, então, responde.
- O quê?! - grita Eoghan, mas, para o meu espanto, ele está rindo. - Você viu com
quem vou me casar? Quem é que iria escolher morrer tendo tanto motivo para viver?"
Pág. 72


Amy Molloy tinha 32 dias de casada e 23 anos de idade quando seu status mudou para o de viúva. Ela (inglesa)  encontrou seu amor Eoghan (escocês) na ensolarada Austrália quando tinha 21 anos. Foi amor à primeira vista, por parte dele. E de tanto insistir, ela resolveu lhe dar uma chance e assim nasceu uma bela história de amor. Que pouco tempo depois foi interrompida com o diagnóstico de câncer dele. Eoghan tinha 34 anos e muitos planos para a nova família.

Amy Molloy
Tempos felizes: Amy e Eoghan durante seu tempo juntos em Byron Bay, Austrália
Amy Molloy
Amy e Eoghan, de óculos escuros porque o tumor afetou seus olhos, no dia do casamento

A morte dele foi devastadora. Ela queria morrer junto com ele, a única coisa que a salvou do suicídio foi a promessa que fizera a ele: ela jamais se mataria. Consumida pela dor e autocomiseração, Amy se entrega às bebidas e ao sexo de uma noite só. Sexo cru e violento. Nem precisa chegar ao orgasmo. Ela só queria que fosse forte. Ela queria que a dor a fizesse sentir alguma emoção, ao invés do grande vazio que se instalou dentro dela.

O primeiro cara, ou melhor, a primeira transa aconteceu três meses após a morte de Eoghan. E durante os dez meses seguintes, ela iria para a cama com mais 26 homens.

Pela sinopse, acreditei que Muito Prazer, Amy, de Amy Molloy (Fontanar, 232 páginas, R$ 29,90), se tratasse de uma história sobre depravação, mas me equivoquei. Molly não relata todo sexo que fez, apenas os principais/mais importantes. E não é somente sobre o sexo, mas sobre seus sentimentos, sua revolta e como o sexo a fazia se desligar do sofrimento temporariamente. É, sobretudo, um relato bem honesto  e comovente de uma jovem viúva que quer viver novamente.

Molly intercala suas aventuras com os últimos meses da vida de Eoghan e é impossível não se emocionar em seus últimos dias de vida. É um livro de memórias e a escrita lembra um diário pessoal, onde ela reconta os fatos, analisa seus sentimentos e tenta extrair algo que a faça continuar em frente.
"Eu tentei, Eoghan, realmente tentei. Mas ninguém me disse como a dor é difícil. Estou cansada de carregar seu peso morto comigo. Você me deixou: então me deixe completamente! Já estou subindo uma ladeira, o que não é fácil, então a última coisa que preciso é de você me puxando para baixo."
Pág. 125

Molly foi bem corajosa ao escrever sua história, sem se importar com o que seus pais ou sua sogra pensaria sobre quem ela se tornou após a morte do marido. Ela usava o sexo para preencher o buraco que a vida sem ele lhe deixou. E, apesar dela sair com caras para apenas uma noite e não estar em busca do amor, quando eles lhe abandonavam, quando o dia amanhecia, doía. Era quando recordava como em menos de ano fora tão feliz e de repente se encontrava sem rumo.

Prepare-se, impossível não se emocionar!

P.S: (Isso não está no livro) Molly reencontrou o amor. Ela voltou a morar na Austrália e atualmente está casada com seu segundo marido.

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