Falsa Submissão - Laura Reese



O mundo no qual vivo agora, com M., é doentio,
e minha obsessão beira a autodestruição.
Tenho plena consciência disso.
E também da minha impotência para impedi-lo.
Pág. 201


Atenção: Livro com conteúdo adulto. Cenas fortes.


Franny, irmã da jornalista Nora Tibbs, foi brutalmente assassinada. Seu corpo foi encontrado, depois de duas semanas, amarrado à uma cadeira. A cena era de um fetiche sadomasoquista. A polícia nunca descobriu quem fez aquilo à ela e nem como ela morreu, se foi sufocada devido a fita em sua boca, devido aos ferimentos ou algum outro motivo. O caso foi encerrado como inconclusivo.

A culpa por ter se afastado da irmã e a negligenciado estava atormentando Nora. Ela só via uma única alternativa: descobrir quem matou sua irmã e o por que. Ela tinha um suspeito. Michael, ou melhor M. Pelo diário da irmã, encontrado pela polícia, Nora sabia que ela havia namorado M. semanas antes de morrer. Ela iria vigiá-lo, persegui-lo, e então iria entrar em seu joguinho de sedução até ter provas de que ele é o assassino.

Ela só não contava que fosse uma péssima detetive, M. soube no mesmo instante quem ela era (Frances havia lhe mostrado uma fotografia da irmã). Mesmo assim ele propõe um encontro. Ela vai vestida para seduzir e... assim acaba entrando na vida de M.

Entenda, Franny odiava as coisas que M. fazia com ela, ela chorava, gritava, esperneava, mas fazia o que fazia por amor. Nora, não. Ela sente prazer nas perversões de M., ela gosta de sexo sujo, depravado. Mas não se engane, ela está exatamente onde queria estar, e está há um passo de pegar o assassino.

Então, descobre que seu namorado – Ian – havia dormido com sua irmã e escondido o fato. E agora? Ela ainda está convicta de que M. foi o verdadeiro assassino ou Ian ainda tem mais coisa a esconder?

Nora segue sua jornada obsessiva por M., esquecendo os riscos e cada vez mergulhando mais fundo em seu mundo sombrio. Ela está à beira do precipício e não sabe como voltar. E porque ela não conseguia parar? Simples, M. elevara o conceito de orgasmo à outro nível. Ela estava viciada nele.

É possível que não haja explicação psicológica alguma. Eu gosto de dominar, ponto final. Faz parte de mim, faz parte da minha psique, assim como a submissão faz parte da dela, e da sua. Gosto de amarrar, de prender as mulheres, e gosto de bater numa bunda pelada. Eu percorro distâncias variadas com mulheres variadas. Gosto de bater em você com o cinto. É excitante; fico de pau duro na mesma hora. Usarei a palmatória, o chicote de nove tiras, o de equitação e qualquer outra coisa que eu quiser. Vou bater na sua bunda, nas suas costas, nos seus seios e até na sua boceta. O que eu não farei, a não ser que você me peça, é claro, é esfolar sua pele, fazê-la sangrar. A disciplina que imponho nada tem a ver com violência, e sim com controle e domínio. Pode confiar em mim, Nora.
Pág. 209

A história é dividida em quatro partes, duas dedicadas à Franny e duas à Nora. As partes de Franny são a leitura do diário que Nora recebeu. É importante para mostrar quem Franny era realmente e a Franny da imaginação de Nora. As partes relativas à Nora tratam da sua busca pelo assassino e na sua atuação como serva sexual de M.

Falsa Submissão, de Laura Reese (Record, 416 páginas, R$ 39,90), é um thriller psicológico e erótico. Tensão a cada página. Cada cena sexual tem um objetivo específico, ou seja, não é um livro pornográfico puro, cada cena é essencial para compor os personagens e a trama. É impressionante! Nem dá para comparar com Cinquenta Tons de Cinza, visto que o livro da E L James trata, sobretudo, sobre amor, Grey tem seus problemas, mas por amor à Ana ele tenta mudar. Também é diferente de Toda Sua. Apesar do enredo de Toda Sua ser mais cru, o romance e o amor está presente na história. Em Falsa Submissão não. Esse livro trata sobre dominação. Submeter a mulher à sua vontade, mesmo que ela queira dizer não. E ele a manipula para dizer sim. SEMPRE.

E respondendo às perguntas (feitas pelo Facebook), SIM, tem sexo com animal. E é chocante! Mas entenda, a autora precisava colocar no enredo, visto que M. sentia prazer em fazer as mulheres se submeterem à sua vontade e se ele quisesse que elas transassem com porco ou cachorro, elas fariam para agradá-lo, porque ele é o Mestre e se elas não fizessem o castigo seria pior.

Além de zoofilia, estão presentes também a escarificação, mumificação, cenas fortes de BDSM e até uma menção à pedofilia. É chocante. Degradante! Porém, como disse anteriormente, tudo tem um objetivo específico e a escrita não é ruim, pelo contrário. Ficamos ligadas na história para ver o desenrolar, saber o quão longe M. irá com Nora e saber, principalmente, quem é o assassino e qual seu fim. A história foi muito bem planejada e descrita. Conseguimos sentir empatia por M. e torcemos para que ele e Nora não caiam do precipício. Ao mesmo tempo, ficamos chocados com as preferências de M., como um professor universitário inteligente e adorado por todos, tem preferências - digamos - tão excêntricas? (Se bem que ser uma boa pessoa não serve de base para as escolhas sexuais, mas o que será que leva alguém a agir assim? Desejo? Tesão? Divertimento? Obsessão? Poder?)

O final do assassino é perfeito. Ele recebeu exatamente aquilo que merecia.

Falsa Submissão é uma leitura pesada, não irá agradar a todos. Se não fossem as cenas de zoofilia, e algumas outras situações, a maioria apreciaria. Em recente entrevista, a autora admitiu que algumas situações presentes no livro foram inspiradas em experiências pessoais. Sobre sua concepção de romantismo, disparou: “Filosoficamente, tenho muito em comum com o Marquês de Sade.” (extraído do site da Record)

Curiosidade: Esse livro foi escrito 10 anos antes de Crepúsculo ser lançado e nele há um segurança chamado E. Cullen. Será que a Meyer tirou o nome desse personagem ou foi apenas mera coincidência?

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