Tony & Susan - Austin Wright




Sabe como filme tem várias qualificações?! Tipo, tal filme é drama, comédia romântica e ação. E sabe como se identifica todos os tipos quando vai colocar numa categoria?! Penso que deveriam fazer isso com os livros também. A categoria "romance" há muito já perdeu o sentido. Agrupa-se tudo nele e o leitor fica sem saber direito sobre o que vai encontrar na leitura. Esse acho que seria um thriller/existencial/crítica literária?!

Tony & Susan, de Austin Wright (Intrínseca, 336 páginas, R$ 39,90), é um bom livro, com uma ótima técnica de escrita, gostei, mas, simplesmente não é para mim. Essa é uma história que não é para qualquer leitor. Poderia-se dizer que é mais "cult", mas não gosto dessa expressão e não acho que é o caso aqui. Lendo algumas opiniões na internet, encontrei os que acharam a história perfeita, cinco estrelas, e os que acharam a mesma coisa que eu, só ok. Pode ser que meu amiguinho colaborador, você sabe quem é, ache fantástico. Bem, pessoas são pessoas.


A história é um livro dentro de um livro. Como diz a sinopse, Susan recebe um manuscrito do seu ex-marido. Ela adia o máximo possível para ler pois sabe que vai ficar destrinchando a história para tentar captar a essência do escritor [será que quem me conhece e lê minhas historinhas faz isso?]. E, realmente, ela faz isso o tempo todo, se pergunta o que o fez decidir por cada acontecimento no livro. E nisso começa a recordar de como era a vida deles enquanto casados e como as coisas foram acontecendo até levar à Susan de agora, sua vida, e como ela se esquece do mundo quando abre as páginas do manuscrito. A parte que nos correlacionamos com ela é que a cada capítulo ela faz uma parada para analisar o que leu e como aquele capítulo a fez se sentir.

Está na hora de parar para a noite, embora pareça homicida abandonar a história agora. Mais uma interrupção dolorosa, semelhante ao divórcio, exigida pela discrepância entre as leis da leitura e as leis da vida.
Pág. 196
Existem coisas na vida que a mera leitura de um livro não é capaz de mudar.
Pág. 221

Do outro lado temos o manuscrito entitulado "Animais Noturnos" que conta a história de Tony Hastings, um professor que viaja de carro com a mulher e filha até a casa de veraneio em Maine até que são desviados do seu caminho tendo suas vidas mudadas para sempre. Não posso contar mais sobre o Tony senão estrago a parte boa. Só digo uma coisa: um celular, uma trava automática e um GPS faziam muita falta em 1993 [quando o livro foi lançado pela primeira vez]!

Nenhum problema é temporário antes que tenha terminado. Todos os problemas são potencialmente permanentes.
Pág. 58

Como já disse, o estilo de escrita é envolvente, crua, podendo até ser desconfortável. No início eu parava a cada capítulo para tomar um ar, coisa que não faço, porque sentia aquele incômodo, uma apreensão do que estava por vir. Da parte "Animais Noturnos", quero dizer. Disse para mim mesma, "putz, vai ser um ótimo thriller". Depois, comecei a fazer essas pausas porque ficava cansativo, a coisa meio que desanda. Até a própria Susan comenta como o Tony fica cansativo; achei engraçado o autor mesmo reconhecer pela sua personagem que o outro personagem fica chato.

O principal problema de Tony, sem querer ser preconceituosa ou pejorativa, é a falta de culhões. Um ser muito civilizado e racional para o próprio bem. Difícil vir a revolta numa pessoa tão pacífica. Então sua história tem momentos bleh,bleh,bleh, perda de fôlego com alguma super reviravolta que aconteceu, bleh,bleh,bleh, até o final do livro!

Já a história de Susan é bleh,bleh,bleh o tempo inteiro. Novamente, muitas racionalizações. Lógico que há questões morais e existenciais nas entrelinhas que faz você ou querer esganar os personagens, ou se perguntar se faria o mesmo. Às vezes penso que se o autor [R.I.P] fizesse um livro mais trabalhado contando só a história do Tony, ia ser um p... livro! Mas, em compensação, os personagens são muito entrelaçados para existirem sozinhos.

1- 2011; 2- 1993; 3 e 4 - internacionais que achei bem mais a cara do livro.

Bem, agora é com vocês! Não sei se me fiz entender. Boa escrita e boa história, só não é meu estilo e não me prendeu! Digam o que acham! 8)


O livro termina. Susan o viu encolher diante de seus olhos, afundar ao longo do capítulo final, página, parágrafo, palavra. Nada permanece e o livro morre. Em seu lugar, zunindo no espaço vazio que ele deixou, uma rajada de vento semelhante à libertação. Vida real, de volta para dominá-la.
Pág. 318

KITTY GABE


PhotobucketRSS/Feed - Receba automaticamente todos os artigos deste blog. Clique aqui para assinar nosso feed. O serviço é totalmente gratuito.