Lembram do filme ‘Como se fosse a primeira vez’? A vida de Ben e Christine é basicamente parecida com a do casal do filme. Quando tinha 29 anos, ela foi atropelada por um ônibus. Conseguiu sobreviver, mas as sequelas no cérebro foram praticamente irreversíveis. Ela ficou amnésica e não conseguia reter nem as novas informações.
Passou anos na ala psiquiátrica, depois anos em uma casa de repouso, até Ben levá-la para casa. Nessa época, ela estava com 47 anos. Mas ela não se lembra de nada disso, essas poucas informações lhe foram passadas por um médico que explicou que sua amnésia é de uma modalidade rara: ela consegue, por exemplo, lembrar dos acontecimentos de um dia inteiro – atualmente -, mas ao cair em sono profundo e acordar já esqueceu tudo novamente.
Achando que pode ajudá-la, Dr. Nash a incentiva a escrever num diário, depois escondê-lo do marido – porque Ben é contra o tratamento. E todo dia, ele ligaria para lembrá-la onde ela escondeu o diário.
Somente a minha dor é nova, todos os dias.
Dei uma desculpa, subi as escadas e fui até o quarto. De volta ao armário. Continuei escrevendo.
Esses momentos roubados. Ajoelhada diante do armário ou reclinada na cama. Escrevendo. Febril. As palavras jorram de mim quase automaticamente. Páginas e mais páginas. Estou aqui novamente, enquanto Ben pensa que estou descansando. Não consigo parar. Quero anotar tudo.
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Todos os dias, sempre a mesma coisa. Porém, ela começa a vislumbrar fragmentos de seu passado e nem tudo que Ben dizia era verdade. Por que seu marido, o único em que ela podia confiar mentia para ela? Será que Dr. Nash, também, mente?
Inundada por dúvidas e incertezas, Christine só pode confiar em uma coisa: seu diário. Com o tempo sua memória parece estar melhorando e ela consegue recordar do diário, antes do Dr. Nash ligar, e a cada novo dia tem um novo flash de lembranças. Claro, ela ainda precisa ler todo seu diário para lembrar-se do principal, mas ela consegue vislumbrar e sentir certas sensações, como a felicidade por estar grávida (mas cadê esse filho?), o êxtase por ter um livro publicado (mas como se Ben diz que ela nunca escreveu nada?). Serão esses flashes realmente lembranças ou peças que a memória está lhe pregando?
Antes de Dormir, de S. J. Watson (Record, 400 páginas, R$ 39,90), me deixou agoniada. É agora que minha aflição irá acabar?, pensava toda hora. Imaginei algo terrível... Realmente algo terrível aconteceu; apesar dos fatos levarem a crer que seria algo grandioso, o desfecho foi fraco, mas nem por isso deixei de ficar chocada quando descobri toda a verdade.
Esse é o livro de estréia do autor, ele começou a escrever durante um curso para escritores iniciantes. E ele é incrível, a trama é super inteligente. Os detalhes são perfeitos. Não espere tiroteios, facadas e sanguinolência. Espere uma história brilhante de ficção baseada em um amnésico real. Aprendemos que muitas vezes ignorância é felicidade. Recomendo!
Esse é o livro de estréia do autor, ele começou a escrever durante um curso para escritores iniciantes. E ele é incrível, a trama é super inteligente. Os detalhes são perfeitos. Não espere tiroteios, facadas e sanguinolência. Espere uma história brilhante de ficção baseada em um amnésico real. Aprendemos que muitas vezes ignorância é felicidade. Recomendo!