[Coluna] Livros que se tornam filmes- Edição Especial 1 ano!


Olá Pessoas!! 
Tudo bem com vocês?? 
Há exatamente um ano, no dia 30 de Junho de 2014 eu estava iniciando uma coluna aqui no blog. Aceitei o desafio, porque era pra falar de duas coisas que eu gosto. Não sabia por onde começar, se alguém leria e o que achariam. Enfim, graças à Deus deu certo (e está dando) porque vocês não tem noção do quanto eu me sinto bem fazendo isso aqui.
Eu poderia ficar aqui falando, falando, falando, mas eu posso simplificar tudo isso e dizer apenas: Obrigada! Obrigada, por estarem comigo durante todo esse primeiro ano, comentando, dando sugestões, elogiando, obrigada mesmo, de coração! Que seja o primeiro de muitos anos ao lado de vocês!! 
E como hoje é uma data especial, eu queria fazer algo diferente então convidei uma leitora aqui do blog, a Leticia Ramos para escrever o post da coluna de hoje. Vale ressaltar que pretendo fazer mais convites como esse para os leitores daqui viu?! 
Olá, sou a Leticia. Como a Lailie já comentou, fui convidada para assinar a edição de aniversário da coluna “Livros que se tornaram filmes” e logo quando recebi o convite, pensei logo num filme que para mim representa bem essa relação entre filmes e suas adaptações: O nome da rosa.
Sim, porque o que quero falar aqui não é uma simples comparação livro x filme, mas sim as sensações que passei desde que descobri o livro até o momento que vi o filme pela primeira (e única, pois esse filme é bem raro na TV) vez.

Já aconteceu com você de ler um livro e ao ver a sua adaptação cinematográfica, você se sente como se tudo aquilo que foi imaginado durante a leitura se tornou real na frente de seus olhos? Acho que isso não acontece muito, pois senão, não haveria muitas discussões sobre se o filme está ou não à altura do livro. E muitas vezes os diretores dos filmes tem que fazer certas mudanças porque não podem fazer determinadas cenas do modo como eram descritas no livro, por questões de custo, locação, beleza da cena, ou até mesmo de permissão de um local de filmagem. Um exemplo disso é a cena do jantar em A culpa é das estrelas, que no livro é feita em um restaurante ao ar livre e no filme em um restaurante fechado, mas lindo.

Mas O nome da rosa me impressionou por ser bem fiel ao livro, até mesmo nas locações e nas cenas. Todavia, para chegar a essa conclusão foi um longo caminho, que ocorreu durante o ensino médio.
Em fevereiro de 2007, quando ainda tinha 14 anos (iria fazer 15 no mês de março daquele ano), numa das primeiras aulas de literatura do ensino médio, que cursei em na única escola particular da minha cidade, eu vi um trecho de O nome da rosa no primeiro capitulo da apostila de literatura (Como ocorre em muitas escolas particulares, o material escolar era próprio da instituição e não livros didáticos que eram usados por mais de uma escola). Junto a este trecho, havia uma foto da cena do livro equivalente a esse trecho. Essa cena é a da chegada de Guilherme de Baskerville e de seu assistente noviço Adso de Melk à abadia onde se passa a história e logo Guilherme mostra as suas habilidades detetivescas ao descrever o cavalo que tinha passado por lá ao observar as marcas do casco na neve (numa época em que não se podia tirar moldes das pegadas a la CSI, pois a história se passa na Idade Média). 


Logo a cena me chamou a atenção para o livro e senti uma vontade muito forte de ler, já que, por causa de CSI, já tinha lido alguns romances policiais. E essa vontade foi logo saciada porque nessa mesma escola, havia uma biblioteca em que encontrei vários livros, de clássicos ao mais mainstream, de livros jovens para livros que antes eu só tinha ouvido falar de sua versão cinematográfica. Sendo que entre esses livros que viraram filmes estavam E o vento levou..., 007 a serviço secreto de Sua Majestade (o livro que inspirou o único filme de James Bond com George Lazenby no papel do famoso espião) e uma edição antiga de O poderoso chefão na época que o livro ainda era chamado de O chefão (e antes de vários acordos ortográficos, pois nessa versão, pode era escrito com acento circunflexo). E lá estava, em uma capa dura azul com letras douradas, um exemplar de O nome da rosa. Logo pedi a bibliotecária de lá, que se tornou uma grande amiga, que me emprestasse o livro.

A leitura do livro em si, demorou nove meses. Sim, não consigo ler livros muito rapidamente e, além disso, tive que conciliar a leitura com as tarefas do ensino médio e também com as leituras obrigatórias desse período (Ou seja, também lidei nesse período com os clássicos da literatura que os professores passam no ensino médio, como A moreninha, Senhora, Memórias de um sargento de milícias, etc.), que me fizeram devolver O nome da rosa na biblioteca algumas vezes. Mas sempre que eu o pedia emprestado, levava o livro comigo a todos os lugares, tomando muito cuidado, já que ele era emprestado e tinha que ser devolvido em boas condições. 

E ao ler, era logo instigada pela investigação de Guilherme sobe quem cometeu os misteriosos assassinatos na abadia e seus pensamentos, que batiam de frente com o do monge cego Jorge de Burgos, com o do inquisitor Bernardo Gui e de outros membros da abadia, já que Guilherme usava a dedução para investigar as tais mortes, o que era totalmente oposto a ideia que muitos da abadia tem em relação a mortes misteriosas, que é a de eram um castigo divino ou até mesmo obra de bruxaria e de que o Apocalipse estava se aproximando. 

Um dos momentos de que me lembro mais desses confrontos é quando Guilherme confronta alguém e essa pessoa, da qual infelizmente não me lembro porque li o livro anos atrás e não tenho ele aqui na mão para poder verificar enquanto escrevo, começa a falar do porquê os gatos pretos trazem azar e são ligados a bruxaria e ao demônio: Simplesmente porque é possível ver o seu anus por ser mais claro que a pelagem do gato. Tudo isso explicado por esse personagem de forma eloquente, como se fosse feito para convencer o leitor de que estava certo.

Além disso, vemos Adso, que aqui é como o Waston para o Sherlock que é o Guilherme (Aliás, os nomes dos dois personagens são referencias a Sherlock Holmes), tendo que lidar com o fato de ser um adolescente, em um tempo que essa palavra ainda não era usada, e tendo que lidar com a paixão que uma jovem, cujo nome não é revelado, desperta nele, já que como noviço e futuro padre, ele deveria cumprir o seu voto de castidade. No fundo, as mortes na abadia também significam a morte de sua inocência.

No final, todo o mistério se resume a um livro raro de Aristóteles (o único spoiler que posso dar sobre a trama do livro e do filme), cujo tema é a comédia. E por causa desse livro, milhares de preceitos e preconceitos da Igreja Católica no século XIV são discutidos e, além disso, a capacidade da informação de um livro mudar o pensamento das pessoas, motivo pelo qual na época da inquisição, a Igreja escondia do povo os livros considerados como capazes de desviar uma pessoa da fé. Assim, o livro também se utiliza de metalinguagem, já que fala também sobre livros.

Em 2009, no último ano do ensino médio, algum tempo depois de ter lido O nome da rosa, em uma das aulas de literatura, a professora decidiu exibir o filme em sala de aula, e eu, que já tinha lido o livro, fiquei em êxtase, pois logo reconheci no filme tudo o que tinha lido no livro, ou melhor, toda a estrutura e os pontos chave da história, já que se colocasse toda a trama de um livro de quase 500 páginas em um filme, iriam ter que dividir a trama em dois filmes.

Durante a exibição, a empolgação foi tanta que acabei bancando um papel que não recomendo ninguém fazer no cinema ou ao assistir um filme com amigos e familiares: A da pessoa que fica dando spoilers o tempo todo. Só que não tinha assistido o filme antes.

Ok, antes que falem mal de mim, os meus spoilers eram sobre quando aconteciam certas coisas no filme, por exemplo, quando o cenário para um dos assassinatos estava sendo formado, eu simplesmente fazia uma voz assustadora para os meus colegas de classe e dizia “Alguém vai morrer...”. Nunca dizia quem ou onde, nem mesmo no final, onde somente avisei “Agora vão encontrar o assassino!”. 

Mas isso só foi possível devido a fidelidade que o filme tem à trama do livro. Não sei como conseguiram resumir em um pouco mais de duas horas todo o mistério e também os conflitos de pensamento. Um elenco capitaneado por Sean Connery, o clássico interprete de James Bond, como Guilherme e um jovem Christian Slater como o jovem Adso que conseguiu trazer a vida toda a complexidade de cada personagem. Destaque para Valentina Vargas, a atriz que interpreta a garota pela qual Adso se apaixona. Ela é a única mulher do filme e tem um peso importantíssimo na vida de Adso, e quase não tem falas no filme (Ok, minha memória está fraca, mas acho que ela realmente tinha poucas falas no filme.). 

Ou seja, o filme transporta o espectador para a história criada por Umberto Eco e, mesmo que já conheça a história por já ter lido o livro, vai se maravilhar em ver toda a trama se tornando real em frente aos seus olhos, do mesmo modo que aconteceu comigo durante o ensino médio. E se ainda não o leu, vai sentir a vontade de reviver a história e ao mesmo tempo, se aprofundar nos pensamentos dos personagens ao ver o filme. 

Para encerrar, uma curiosidade: No filme, Guilherme de Baskerville é chamado de William de Baskerville, o nome que é dado ao personagem na tradução em inglês do livro. Tanto na dublagem quanto nas versões legenda, esse nome é mantido (Preferir chamar o personagem do Sean Connery de Guilherme porque é a minha preferência). Isso é porque, na Idade Média, os nomes dos sacerdotes da Igreja (Padres, bispos, frates e o Papa) eram em latim, e quando documentos que se referiam a eles eram traduzidos, se usava para nomeá-los a variante na língua local desses nomes latinos. Isso é feito até hoje com os nomes dos papas, já que o nome escolhido pelo Papa é definido em latim (Por exemplo, o Papa Francisco é chamado em francês de François; em italiano, de Francesco e em inglês, de Francis, todas variações do nome latino Franciscus.). Provavelmente, cada tradutor do livro levou isso em consideração e traduziu o nome do Guilherme. Na versão original, Guilherme é chamado de Guglielmo, variante italiana desse nome. Como o filme foi produzido em inglês, preferiu-se a variante inglesa William, mas como esse nome é mais curto que Guilherme, tornou-se impossível a troca de nome na dublagem, já que as falas em português devem ter o mesmo tempo da falas originais, e a troca de nome na legendas só faria sentido para quem já leu o livro, preferiu-se manter o nome de William nas traduções do filme para dublagem e legendas.

Espero que vocês tenham gostado da minha dica de livro que se tornou filme e da história que vivi ao conhecer as duas versões.

Um abraço a todos vocês, um muito obrigada a Lailie pelo convite, e um feliz aniversário ao Menina da Bahia e a coluna da Lailie “Livros que se tornaram filmes”! 
Obrigada Leticia... Espero que tenha gostado de ser minha primeira colunista convidada. E espero que vocês tenham gostado do post da Leticia, assim como eu gostei. Posso dizer que essa experiência de estar próxima de um leitor foi muito especial e como já falei ali em cima, pretendo repetir sempre que possível. 

Por fim, é isso... Um beijo enorme pra todos vocês, mais uma vez obrigada e até a próxima!  
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