Fazia cinco anos que um homem não dizia que me amava. Três anos que não tinha ninguém nem próximo de um namorado. E um ano e meio que não fazia sexo. E depois de ter tido somente três encontros nos últimos dois anos, sabia que algo tinha de mudar. Porque, a certa altura, deixa de ser estranho ser a última mulher solteira no quarteirão. Simplesmente, começa a doer.

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Kristen fez trinta anos. Está solteira e sem perspectivas no campo amoroso. Ela conseguiu se livrar das drogas e das bebidas, conseguiu um emprego estável, sua vida financeira anda razoável, mas no campo afetivo... nada! Nem uma esperança de encontro. Ela está deprimida e sabe que precisa fazer algo para mudar isso.

Certo dia, ela tem um insight! Na Califórnia, 51/50 é uma seção do Código de Bem-Estar e Instituições. E se ela usasse esse código para seus encontros? É isso! Ela teria 51 encontros em 50 semanas. Ela teria 51 encontros para encontrar o amor.

Quero me apaixonar como Mimi. Quero me casar como Nat. Quero me sentir atraída por alguém que não suma. Porém, mais do que qualquer outra coisa, quero voltar do trabalho em uma noite de segunda-feira, colocar a roupa suja na máquina de lavar, preparar o jantar e me enroscar na cama com alguém que me ama. E, em vez disso, fico sozinha noite após noite, sentada na cama, assistindo à tevê. As pesquisas sobre suicídio devem provavelmente mostrar que noventa e oito por cento das pessoas que se mataram fazia exatamente isso antes de morrerem. Porque é deprimente. De verdade.

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Os encontros são quase sempre superficiais. Ela tomou uma decisão, nada mais de sexo fácil e namoros sem conteúdo. Ela começa os encontros com antigos namorados solteiros, mas ela precisa de mais e resolve se inscrever num desses sites de namoros. Ela cria um perfil e marca alguns encontros. Nem todos os encontros são com pretendentes em potencial, alguns são com sua família, outros com amigos.

A coisa bacana no livro da Kristen é que ele não trata apenas sobre encontros em busca do amor, mas sim sobre sua vida, os aprendizados e o que ela pode extrair deles. Em cada capítulo, antes ou depois dos encontros, ela conta uma história sobre um episódio da sua vida, mesclando passado e presente. Conhecemos sua família e descobrimos o porque dela ter começado a fumar aos doze anos, passando por drogas pesadas e bebidas,culminando no fundo do poço.

Com a mesma garra e determinação que ela utilizou para se reabilitar, e largar todos seus vícios, ela usaria para encontrar o amor da sua vida.

Kristen é bem doidinha e me fez lembrar de Chelsea Handler (sem a parte cômica), pela questão da descrição crua e verdadeira de sua vida, por pior que seja. E também de Nina Sankovitch e seu “O ano da leitura mágica”.  Fazer planos e traçar metas podem dar certo. A jornada de Kristen é emocionante. Ela conseguia transmitir sua dor e tristeza com tanta intensidade que era impossível não torcer por ela. E eu torcia para ela encontrar o amor da sua vida antes do 51º encontro. Do mesmo jeito que lágrimas vieram aos meus olhos com algumas passagens, Kristen também conseguiu arrancar algumas risadas. Ela faz piada da própria tragédia!

51 encontros em 50 semanas, de Kristen McGuiness (Lafonte, 320 páginas, R$ 34,90) é leitura obrigatória para quem está em busca do amor. A escrita é calorosa e logo se sentirá íntima de Kristen. Apesar de ser uma leitura de não-ficção é um non-fiction romance, ou seja, nada daquela leitura autoajuda com regrinhas chatas para fazer. A leitura enriquece e nos faz ir além da zona de conforto. E como ela diz: Você nunca sabe o quão forte você é, até que ser forte é a única opção que você tem.

Super recomendo!!!