Fernanda Takai, Stephen King, Novas Bossas e Cia.

Dia 5 de setembro fui a uma edição do Sempre um Papo, um programa desenvolvido pelo Ministério da Cultura e patrocinado pela empresa Vale, em Sarzedo, Minas Gerais. Os melhores momentos do programa são exibidos na TV Câmara e os episódios podem ser vistos na internet.

Nesta noite amena, sob uma frondosa mangueira, na velha estação ferroviária de Sarzedo, vimos deleitados a apresentação de Fernanda Takai, singela vocalista e instrumentista da banda de rock Pato Fu. Fernanda, deliciosa na sua voz única nos brindou com um pouco de sua vida pessoal e artística, falando de seus mais recentes projetos e o lançamento de seu mais novo livro, A Mulher que Não Queria Acreditar (Panda Books, 2012).

Antes de falarmos do livrinho, de suas mais recentes crônicas e contos, sempre intimistas com muitas doses de seu sutil humor e simplicidade cativante, Fernanda falou sobre seu novo projeto, junto com o guitarrista Andy Summers do The Police. Juntos lançam um disco repleto de bossa nova intitulado Fundamental (já disponível pelo iTunes). Não há revisitação de antigos clássicos, as músicas do disco são "novíssimas bossas novas", além de alguns jazzes e pop rock. Fernanda canta em inglês e português e eu estou louco para ouvir-las!

Após o Sempre Um Papo, Fernanda me deu uma entrevista que, pela minha flagrante inépcia, acabei destruindo, pois dos cerca de sete minutos que conversamos, só consegui gravar três! Não quero nem vou dizer o quanto sinto! Minha burrice sozinha já é suficiente para me martirizar.

Contudo, conversamos animadamente (Fernanda é um doce e parece cultivar este seu lado e parece sempre adequar-se ao grau do interlocutor. Durante a apresentação, às crianças que lhe faziam perguntas ao microfone, respondia com aquela vozinha tatibitate de desenho animado; a mim respondeu com um quê de "esse cara nunca fez uma entrevista na vida então vou suportá-lo educadamente" e realmente agradeço por isso!).

Falamos sobre o novo projeto com Andy, ela me disse que o disco já está chegando às lojas, mas que já dá para baixar na internet. Quando me espantei com isso ("como assim? Você incentivando as pessoas a baixar na net?"), ela me disse que hoje em dia todo mundo faz isso e que quem é fã compra o CD, por causa dos incertos, pela ficha técnica, projeto gráfico diferenciado e por ser um objeto de desejo *(sic).

Algo que fez meus olhos brilharem, é que Fernanda, a leitora, é fã de Stephen King! "Adoro King! Além de todos os livros dele já adaptados para o cinema, gosto muito de Desespero e Insônia e eu nunca havia tido insônia até ler este livro", comenta rindo [vale lembrar que a Suma de Letras está reeditando os livros do King, ou seja, traduções novamente revisadas, novas capas e títulos (os títulos antigos continham spoilers)].

Sobre o novo livro, Fernanda Takai diz se tratar de uma segunda coletânea de contos e crônicas; a primeira foi Nunca Subestime uma Mulherzinha (Panda Books, 2007). São textos extraídos das páginas de O Estado de Minas e do Correio Braziliense em sua maioria, onde mantém colunas semanais. Fernanda, a jornalista, já escreveu para muitas revistas e para a TV, como o programa Band News. Nestes curtos textos fala sobre assuntos cotidianos sob a ótica de artista e mulher comum, sobre a vida e sobre coisas engraçadas vividas com a filha Nina de quem não cansa de mostrar a corujice.

Dei um dos meus livros para ela e ela fez
questão que eu o autografasse também.
A Mulher que Não Queria Acreditar é um livrinho fininho, ricamente ilustrado num ótimo trabalho gráfico da Panda, com inserções pop espirituosas e divertidas [como uma imagem de uma lancheira do grupo Menudo, dos anos 80 (tente escrever lancheira no Word e verá que o programa nem sabe o que é isso, muito menos Menudo!). Comprei um livro e pedi para ela autografar para a Natália e ela logo vai fazer uma resenha dele (não é, Nat?)].

Finalmente, falamos sobre a descendência japonesa de Fernanda. Petulantemente sugeri uma leitura a ela, que me desbancou na hora dizendo já ter lido: Corações Sujos, de Fernando Morais (morei em Tupã, estado de são Paulo, onde se passam alguns momentos do livro, e ela me surpreendeu dizendo que a família dela vem de Bastos e Lucélia e que o avô fora um dos integrantes da congregação fanático-nacionalista nipônica Shindo Rhenmei, que espancava e até matava japoneses que acreditavam na derrota do Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial... Uau!). A adaptação cinematográfica do livro de Morais está sendo lançada pelo cineasta brasileiro Vicente Amorim, com grande elenco nacional e japonês, tendo tirado esfuziantes aplausos da mídia no último festival de Montreal.

Resta saber se decido qual a Fernanda Takai que mais gostei, se a cantora, a jornalista, a escritora, a leitora ou a cinéfila... Talvez o conjunto toda da obra seja o mais adorável!

ALBARUS ANDREOS
PhotobucketRSS/Feed - Receba automaticamente todos os artigos deste blog. Clique aqui para assinar nosso feed. O serviço é totalmente gratuito.