O Circo da Noite - Erin Morgenstern



Mágico, encantador, misterioso.
O circo chega sem aviso.
Nenhum anúncio o precede, nenhum cartaz em postes ou outdoor, nenhuma menção ou propaganda nos jornais locais.
Simplesmente está lá onde ontem não estava.
Pág. 7

Esqueça o colorido dos balões, a lona vermelha que chama atenção, os coelhos e pombos tirados da cartola, os leões domados, os palhaços e suas brincadeiras, o que O Circo da Noite, de Erin Morgenstern (Intrínseca, 368 páginas, R$ 34,90), lhes apresenta é um universo totalmente diferente.

Seja bem vindo a um mundo de mistério e magia, onde tendas listradas em preto e branco lhes oferecem um espetáculo mágico, um verdadeiro sonho, algo jamais visto.

O Le Cirque des Rêves é o palco de uma batalha entre dois aprendizes de ilusionistas, mas se você espera um confronto direto, não se decepcione, o que você terá será algo muito melhor, o circo não é só o local, mas também resultado dos feitos de Marco e Célia, que desde pequenos foram marcados para um duelo onde ambos desconhecem o seu destino, nem as consequências. No entanto, o que seus mestres não esperavam é que desta vez o confronto fosse seguir de um modo diferente dos outros, Marco e Célia se apaixonam, e o que deveria ser um duelo mágico, passa a ser uma espécie de companheirismo e declaração desta paixão, em formas de atrações que cada vez mais encantam e entretêm aqueles que os visitam.
Mais que um, na verdade, um circo nunca dantes visto. Não uma única grande tenda, mas uma miríade de tendas, cada uma com seu espetáculo específico. Nada de elefantes ou palhaços. Não, algo mais refinado que isso. Nada de lugares-comuns. Será um circo diferente, uma experiência realmente única, um banquete para os sentidos. Teatralidade sem teatro, um entretenimento de imersão. Vamos demolir as presunções e as noções preconcebidas do que seja  um circo e fazer algo totalmente diferente, algo novo.
Pág. 61- 62

O verdadeiro protagonista desta história sem dúvidas é o circo, ele é encantador, misterioso, seu destino nunca é informado, sua chegada também não, muito menos a sua partida, o Le Cirque des Rêves não é como qualquer circo. É único. Ao passar pelo portão onde se está escrito: “Abre ao cair da noite. Fecha ao amanhecer” (pág. 52), é como se você estivesse devaneando, o que não deixa de fazer jus ao seu nome.

Grande parte deste fascínio, que o circo exerce, se dá pelo fato dele ser o local do confronto entre Marco e Célia, enquanto ambos manipulam o circo, criando atrações em suas tendas, aqueles que o compõem ou ao menos alguns, e aqueles que o frequentam, não tem a mínima ideia do que realmente acontece, e o quanto Marco, Célia e o próprio circo estão interligados.

A leitura do livro não é rápida, no entanto isto não atrapalha a historia, não a deixa monótona, ela flui mesmo assim, é preciso ter um pouco mais de atenção ao ler, pois seus capítulos se intercalam entre épocas e acontecimentos, onde as histórias dos personagens vão se entrelaçando à história do circo. O livro em alguns momentos é bem descritivo, o que é muito bom por sinal, pois quando as atrações são descritas, você passa a se sentir como se realmente estivesse visitando o Le cirque des Rêves.

Sem dúvida O Circo da Noite, é uma historia diferente - de muitas que já li -, e pra quem lê a sinopse e logo de cara vai pensando que o livro vai tratar de um duro duelo mágico onde duas pessoas irão se apaixonar, vão se decepcionar. Vocês não verão  no circo uma arena, não, jamais, a magia abordada é algo muito diferente, e é o que torna o circo o centro de tudo e principalmente  tão fascinante e misterioso,  sua essência, está extremamente ligada a Marcos e Célia, e talvez por isso o Le Cirque des Rêves seja tão fabuloso.

Se pudesse descrever a leitura de O Circo da Noite, seria como um sonho, um daqueles que mesmo depois que você acorda, se torna difícil de esquecer.

JULIANA BITTENCOURT

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